Esta emenda foi votada uma primeira vez com 273 votos a favor, 291 contra e 45 abstenções, o que levaria a um chumbo. Ainda assim, a votação foi repetida, por Rui Tavares ter baralhado a emenda da "lista negra de empresas" com outra. Clarificando aquilo que estava a ser votado, e repetida a votação, a proposta foi aprovada com 309 votos a favor, 248 contra e 49 abstenções.
Para Rui Tavares esta troca de posições num período de apenas 3 minutos explica-se por alguns eurodeputados terem votado primeiro consoante a orientação de cada grupo parlamentar (no Parlamento Europeu a disciplina de voto é proibida, mas cada bancada tem um "conselho" de voto, que os eurodeputados seguem quando não dominam por completo determinado dossier), e, na segunda votação, terem votado de acordo as suas convicções individuais.
"Naqueles dois ou três minutos que me permitiram ler a emenda de novo, alguns deputados terão pensado "não, espera aí, eu afinal sou a favor disto"", avança o eurodeputado independente.
Quando a emenda foi aprovada, Rui Tavares, surpreso, olhava para os restantes eurodeputados do Grupo dos Verdes perdido de riso. Em entrevista ao PÚBLICO, usa outro tom: "Isto é algo completamente diferente do que acontece no Assembleia da República portuguesa, onde basta contar os partidos para sabermos o que vai ser aprovado ou não, a votação acaba por ser uma formalidade."
"Arrumar a casa"
O "Relatório Tavares", que foi também aprovado na generalidade, parte da crítica do eurodeputado português de que a União Europeia precisa de "arrumar a casa" em matéria de direitos humanos.
Para Rui Tavares, a União Europeia deve "constituir-se numa união de princípios baseada nos seus princípios de união e solidariedade", em que esses valores, tal como a defesa dos direitos humanos, devem passar a ser princípios basilares nas políticas europeias, e não "um fio prateado" que abrange as acções da União Europeia.
Esta nova postura, proposta por Rui Tavares e aprovada pelo Parlamento Europeu, passa também por países terceiros, em que é defendida uma abordagem de fiscalização, e ao mesmo tempo de cooperação, "beneficiando assim a defesa dos direitos humanos no resto do mundo, em que quem sai a ganhar são os cidadãos, os consumidores, os trabalhadores e os povos em geral, fora ou dentro da União Europeia".