PSD acusa António Costa de ser o "patrocinador principal" do despesismo do PS
Sociais-democratas dizem que o novo líder do PS não é uma, mas duas pessoas. E que quer governar o país como governa a câmara de Lisboa.
"O Governo está a corrigir um caminho de despesismo, de que António Costa foi patrocinador principal, e de descalabro nas contas públicas", acusou o deputado Sérgio de Azevedo, numa declaração política no Parlamento, em que enumerou as Parcerias Público-Privadas (PPP), a "festa da Parque Escolar" e a "ruína do Magalhães".
O parlamentar do PSD dedicara antes grande parte da sua intervenção a defender que o secretário-geral do PS quer governar o país como governa a autarquia da capital. "Ficámos a saber que o novo líder do PS não é uma, mas sim duas pessoas", começou por afirmar o deputado.
Tentando explorar a contradição, Sérgio de Azevedo defendeu que António Costa condena a austeridade deste Governo, mas à frente da câmara lisboeta "apresenta uma cobrança adicional de 70 milhões de euros em taxas e impostos". E concluiu que a receita do secretário-geral passa por replicar no país a gestão da autarquia. "No fundo, um Estado governado da mesma forma que é governada a câmara municipal de Lisboa", sintetizou. Para, de seguida, desabafar: "Esperemos todos que assim não seja".
Atacando as "responsabilidades evidentes" do PS na crise que o país enfrenta, acusou os socialistas de nunca terem parado para reconhecer os erros e agora se encostarem à esquerda, embora recusado a esquerda com representação parlamentar. O parlamentar social-democrata aludia assim às declarações de Costa no congresso socialista acerca do PCP e Bloco, uma esquerda que considerou no conforto do protesto, enquanto elogiou o partido Livre por querer fazer parte da solução.
Sérgio de Azevedo fez um resumo das propostas que saíram do congresso do PS: fim da sobretaxa de IRS, aumento do salário mínimo, regresso do simplex, regresso dos emigrantes e mais investimento público. E acenou com os custos do regresso ao poder do PS: "Um Estado mau pagador, que gasta o que não tem, agarrado aos negócios ruinosos com os privados."
Violar Tratado Orçamental
Foi já depois da sua declaração política que, em resposta ao líder parlamentar do BE, o deputado João Galamba (PS) reconheceu que o Tratado Orçamental foi “um erro” e que "é possível a sua revisão", assim como “violar de alguma forma o seu espírito”.
Pedro Filipe Soares acusara os silêncios do PS em relação ao próprio Tratado, mas também sobre a reestruturação da dívida. Galamba defendeu então que o próprio Orçamento do Estado para 2015 violou o Tratado Orçamental, sem que daí tenham decorrido sanções para o Governo.
Minutos antes, já o socialista regressara ao congresso que consagrou Costa como secretário-geral dos socialistas para assinalar o início de uma alternativa política e replicar o convite de Costa à esquerda: “Como disse o secretário-geral do PS, contamos com todos os que se revejam neste projecto, só não contamos com aqueles que querem insistir na política de regressão económica e social”.