As mulheres de "cabelo revolto" e "cintura fina" e donas de uma "beleza um pouco selvagem". Os homens com "um lado musculado encantador", mas capazes de dizerem "os maiores disparates". Estas personagens não nasceram agora — não nasceram nas ilustrações que Nuno Saraiva preparou para as Festas de Lisboa. Estas personagens foram crescendo à medida que o ilustrador de Almada foi vivendo nos bairros populares lisboetas durante os últimos 20 anos. "Vim para Lisboa partilhar atelier e fiquei a cirandar pelos bairros", conta ao P3 Nuno, há cinco anos na Mouraria (e na Associação Renovar a Mouraria). "Durante este mês de festas faço voluntariado, faço coisas que nada têm a ver com a minha profissão, como carregar barris de cerveja, fazer puxadas de luz... substitui várias idas ao ginásio", brinca o ilustrador que diz não ter inventado nenhuma personagem. "Elas existem mesmo. A nova fauna dos bairros coabita com estas pessoas". É um "cocktail muito engraçado" ao qual se juntam personagens da "nova Lisboa" como os "hipsters" e um sem número de etnias, grupos também representados nesta série de ilustrações (como a chinesa e o indiano que pegam no arco, à cabeça da marcha). "Vai criar alguma polémica, mas gosto de chatear".

Arraiais, grandes e pequenos palcos, jogos e corridas, palavras e conversas, festas e festivais, sardinhas e marchas populares. "Hoje celebramos a cidade que sonhamos para o futuro com o que do passado ela transporta". Este é o mote para a próxima edição das Festas de Lisboa, cujo espectáculo de abertura (conceito de Renzo Barsotti com a Companhia Ilotopie) está marcado para o dia 30 de Maio, na Torre de Belém. Pelas 22h, assinala-se uma dupla efeméride: os 500 anos da construção da Torre de Belém e o 40.º aniversário das independências dos países africanos colonizados por Portugal. O espectáculo de encerramento "Voz e Guitarra" está agendado para os dias 3 e 4 de Julho.