TAP recupera passageiros em África e prepara-se para anunciar novas rotas
Depois das quedas registadas nos últimos meses, o tráfego no mercado africano está a crescer 6%. Companhia retoma nesta quinta-feira voos para a Guiné-Bissau, mas haverá mais novidades em 2017.
Desde sempre uma das grandes apostas da TAP, a par do Brasil, África tem vindo a desacelerar nas contas da companhia, especialmente em 2015, e o tráfego para os 14 destinos que opera no continente manteve-se em queda no primeiro semestre deste ano. Mas os dados mais recentes mostram uma inversão na tendência, verificando-se já crescimentos de 6% até Outubro que deverão acentuar-se até ao final deste mês. O mercado africano será, aliás, uma das grandes apostas da empresa para 2017: nesta quinta-feira retoma os voos para a Guiné-Bissau e em breve anunciará novas rotas.
Fonte da transportadora aérea indicou ao PÚBLICO que, a julgar pela subida de 5,7% registada no tráfego nos primeiros dez meses do ano, 2016 deverá fechar com um total de 766 mil passageiros transportados de e para África. Mas, tendo em conta os resultados de Novembro, existe a forte expectativa de que este número seja muito superior. O facto é que, mesmo que não vá além das previsões, significará uma total inversão na queda que vinha a registar-se em África.
Os dados da TAP indicam que o ritmo de crescimento deste mercado já vinha diminuindo pelo menos desde 2013, ano em que o tráfego subiu 8% - menos 1 ponto percentual do que um ano antes. Em 2014, o número de passageiros transportados só subiu 2% e, no ano passado, a operação ficou no vermelho: uma queda de 2%, que superou a redução de 0,8% que a TAP registou a nível global na procura. No primeiro semestre de 2016, voltou a haver decréscimos, ainda mais acentuados, de 2,5%, em parte fruto da redução na oferta induzida pela estratégia de foco em linhas rentáveis. A desaceleração no tráfego também se reflectiu nas receitas, com o peso do continente a baixar para 14% na facturação total (vendas e serviços do transporte aéreo), quando representava 17% em 2011.
Questionada sobre o que permitiu a inversão desta tendência a partir da segunda metade do ano, fonte da companhia esclareceu que “as subidas mais recentes devem-se à alteração da política tarifária [com tarifas mais próximas das low cost], que embora não seja direccionada para África tem sempre algum efeito multiplicador”. “Há também uma actuação mais agressiva junto dos mercados”, referiu. Para o crescimento de 6% verificado até Outubro também contará o reforço da operação para este mercado, nomeadamente para Marrocos.
Três novas rotas para África
Uma das grandes novidades para este ano é o retomar dos voos para a Guiné-Bissau, que foram suspensos em Dezembro de 2013 depois de a tripulação ter sido obrigada pelas autoridades locais a transportar 74 passageiros sírios ilegais para Lisboa. A TAP entendeu que poderia regressar a este mercado porque “estão neste momento criadas as condições necessárias a nível socioeconómico e social (…), bem como a disponibilidade de avião e recursos humanos próprios que permitem retomar a operação”, esclareceu fonte oficial da empresa. Quando a rota foi cancelada, havia em média quatro voos por semana. A partir desta quinta-feira, serão duas frequências semanais à sexta-feira e ao domingo, embora a longo prazo o objectivo seja ter um voo diário.
Mas a TAP está prestes a anunciar novas rotas para o próximo ano. Foi essa, aliás, a promessa deixada em Outubro pelo presidente da empresa. Numa reunião com trabalhadores, Fernando Pinto anunciou que serão lançados três destinos em África, a par de sete na Europa e um na América do Norte. Por agora, fonte oficial da companhia referiu apenas que “novos destinos para África estão em análise”, deixando, porém, algumas luzes sobre qual poderá ser o caminho.
“O mercado africano está a passar por um ajustamento das novas realidades em resultado nomeadamente da quebra do preço do petróleo e do gás, o que afecta alguns países, de entre os quais alguns onde a TAP opera, por exemplo Angola, Argélia; Moçambique e Gana”, explicou. Mas, por outro lado, há outros países onde “os crescimentos têm sido notáveis, bem como os aumentos de capacidade que a TAP tem introduzido”, acrescentou, dando como exemplos Marrocos, Cabo Verde e Senegal.
“A estratégia da TAP passa claramente por consolidar e reforçar a posição competitiva nos países em crescimento de tráfego, nomeadamente turístico, tirando proveito de Lisboa como placa giratória. Um dos vectores desta estratégia passa claramente por operar no mínimo com um voo diário e se possível caminhar para o segundo voo diário” para “potenciar mais ainda a placa do hub de Lisboa, face à necessidade por vezes de dispor de duas faixas horárias para garantir boas conexões em ambos os sentidos para Europa e Américas”, afirmou a mesma fonte.
Dívidas de Angola ainda sem resolução
Uma das novidades que a empresa já anunciou e que se manterá no Verão de 2017 é o reforço de algumas ligações ao continente africano, nomeadamente para a Praia, Sal e São Vicente, em Cabo Verde, com um aumento de oito frequências por semana. Também Dakar, no Senegal, manterá mais três frequências e São Tomé mais uma.
Já para Angola, o mais importante mercado em África, o panorama tem sido nem diferente, fruto da crise que o país vive e que fez com que acumulasse mais de 50 milhões de euros de dívida à TAP. “É conhecida a situação de Angola com a existência de dificuldades para as empresas estrangeiras com actividade económica no país, que provocaram uma diminuição das viagens entre os dois países. Em consequência, a TAP reduziu cerca de 25% da sua operação, que se situa actualmente na oferta de um voo diário”. A companhia “tem-se mantido activa junto das autoridades com vista à sua sensibilização para a regularização da transferência dos valores retidos”, garantiu fonte oficial da transportadora aérea.