Expansão do metro em Lisboa vai custar 215 milhões

Pormenores do prolongamento da Linha Amarela, com a construção de estações na Estrela e em Santos, já estão definidos. Obra estará concluída em 2021. No Porto, o Governo ainda procura consensos.

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Projecto implica a extensão da linha por mais 1900 metros Patricia Martins

As novas estações do metro em Lisboa, na Estrela e em Santos, vão estar a funcionar em 2021. A garantia é do Governo, que já definiu os pormenores do plano de prolongamento da Linha Amarela entre o Rato e o Cais do Sodré, numa obra avaliada em 215 milhões de euros. Na Linha Vermelha, o objectivo é encontrar em breve uma solução para financiar pelo menos a ligação a Campo de Ourique. E, no Porto, a expansão da rede ainda está a ser objecto de consenso com os municípios, embora já haja uma base de trabalho que aponta para a necessidade de um investimento que pode chegar a 270 milhões.

O ministro do Ambiente adiantou ao PÚBLICO que a decisão sobre Lisboa já está tomada, depois de vários meses de análises técnicas e de viabilidade financeira, faltando apenas o estudo de impacto ambiental. Estavam em cima da mesa duas possibilidades: o prolongamento da Linha Amarela até ao Cais do Sodré ou da Linha Vermelha até Alcântara. Foi escolhida a primeira por “já haver a absoluta convicção sobre a sua forma de financiamento” e por dar resposta a um dos maiores problemas de mobilidade no centro da capital, explicou Matos Fernandes.

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“Se, no domínio dos estudos da procura, as duas soluções tinham resultados semelhantes, a Linha Amarela tem uma característica que consideramos muito importante. A rede de metro deve ser sempre pensada num contexto mais alargado de mobilidade e sentimos hoje que o principal problema nos transportes em Lisboa é a inexistência de uma ligação directa do rio ao eixo central. Com este anel circular, esse problema deixa de existir”, afirmou o governante.

Tal como o PÚBLICO noticiou em Outubro, o fecho da Linha Amarela implicará a construção de duas novas estações de metro: uma na Estrela e outra em Santos. O desenho aponta agora para que a primeira fique localizada ao cimo da Calçada da Estrela, em frente ao antigo Hospital Militar, e que a segunda seja construída entre o Instituto Superior de Economia e Gestão e a Avenida D. Carlos I. Matos Fernandes salvaguardou, no entanto, que a localização precisa ainda está “em discussão com a Câmara Municipal de Lisboa”.

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Dois novos acessos no Cais do Sodré

O projecto, que implicará a extensão da linha por mais 1900 metros, será terminado ao longo de 2017, seguindo-se o estudo de impacto ambiental. E a obra, cujos custos rondarão os 215 milhões de euros, será iniciada no ano seguinte. A previsão é que “esteja em operação no final de 2021”, assegurou. Para o governante, esta solução irá beneficiar Lisboa, nomeadamente zonas densamente povoadas como a Estrela e Santos, mas também permitirá “que todos os utentes dos comboios da linha de Cascais e que os dos barcos que chegam ao Cais do Sodré possam ter uma penetração muito mais fluida na cidade”.

Os planos para a capital vão ter outras implicações, nomeadamente uma obra no Campo Grande que garanta a fluidez das duas linhas de metro que passam nesta estação (Amarela e Verde). Além disso, serão necessárias intervenções na estação do Cais do Sodré, que serve de plataforma ao metropolitano, mas também aos comboios e aos barcos que fazem a ligação no Tejo. Neste caso, o objectivo é dar aproveitamento ao átrio mais a poente que actualmente não tem utilização. “Passará a ter duas saídas, nomeadamente uma para o lado da Avenida 24 de Julho”, especificou o ministro, garantindo, porém, que não haverá qualquer perturbação na circulação durante a obra.

Não foi possível obter dados sobre a procura esperada com a expansão da rede do metro, mas o ministro garantiu que “será uma linha rentável”. Dos 215 milhões de euros de custos com a obra, um valor que o executivo acredita que poderá ter de ser ajustado à medida que o projecto for sendo executado, cerca de 80 milhões serão destinados à construção das duas novas estações. O valor das alterações no Cais do Sodré “será muito inferior a esse”, disse Matos Fernandes.

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Linha Vermelha custaria mais do dobro

O prolongamento da Linha Vermelha não é uma opção abandonada, mas “tem um valor de investimento para o qual muito dificilmente iria haver dinheiro nos próximos anos”, explicou. E, por isso, neste momento a avaliação que está a ser feita restringe-se à ligação entre a estação de São Sebastião e Campo de Ourique. “Mesmo assim, estamos a falar de um projecto que se prolongará durante três a quatro anos. Mas esperamos que, num prazo não muito alargado, possamos ter novidades sobre a sua forma de financiamento.” Os estudos feitos a pedido do Ministério do Ambiente apontam para que só esta obra tenha um custo de cerca de 200 milhões de euros. “Para chegar até Alcântara, seria mais do dobro desse valor”, referiu o governante.

O Programa Nacional de Reformas, que o Governo apresentou em Abril, contemplava já uma verba de 275 milhões de euros para a expansão das redes de metro em Lisboa e no Porto, num total de nove quilómetros. Um mês depois, o executivo anunciou que o valor tinha subido para 400 milhões, financiados por um empréstimo do Banco Europeu de Investimento. A esta verba acrescem ainda 100 milhões que serão obtidos, no próximo ano, através da reprogramação do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR).

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Embora o plano da segunda fase de expansão do metro do Porto ainda não esteja concluído, Matos Fernandes adiantou que implicará um investimento entre 260 e 270 milhões de euros. No entanto, o Governo ainda procura consensos com os municípios para avançar. "Apesar de tecnicamente a solução já estar concluída, ainda estamos em negociações com as autarquias. Os estudos de procura estão todos feitos, a Metro do Porto já concluiu o seu trabalho e estamos agora em conversações para garantir que a solução gera consenso", referiu.

O ministro avançou apenas que as opções em cima da mesa "optimizam custos, reduzem o número de estações e permitem fazer um investimento que há-de ser muito expressivo". Mas "será preciso um consenso, não só por razões evidentes de respeito pelas autarquias, mas também porque, neste caso concreto, os municípios são proprietários de uma parte significativa da Metro do Porto", acrescentou.

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