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A memória nasce quando se desenterram os mortos
Uma mistura de rectângulos de três tons de cinzentos espalhados pelo chão. É esta a imagem que dá as boas-vindas aos visitantes do Museu do Dinheiro, em Lisboa, até 27 de Janeiro. Os rectângulos representam a localização e o nível de profundidade a que foram encontrados mais de 500 corpos durante as obras de reabilitação deste edifício do Banco de Portugal, onde está instalado o museu.
Vida, morte e memória na igreja de São Julião é a exposição temporária que resulta das escavações arqueológicas feitas em 2010/2011. Mas a arqueologia não é o único universo representado. A ciência e a religião estão muito presentes na narrativa da exposição, que se divide em três partes: necrópole; crença e religião; anatomia e patologia.
“Queremos transmitir ao visitante que não estamos apenas num mundo diferente em termos arquitetónicos ou de ideias, mas também num mundo que é diferente em termos religiosos. A carga religiosa era muito maior do que é hoje em dia”, disse o curador cientifico da exposição, Artur Rocha.
Por isso, em Vida, morte e memória na igreja de São Julião é possível ver vários objectos religiosos encontrados junto aos corpos durante as escavações. Nomeadamente, a popular medalha de São Bento, que tem associada uma das orações com referências ao diabo.
A recuperação destes elementos salienta a minúcia do trabalho arqueológico, que volta a ser destacada na parte da exposição ligada ao estudo dos restos mortais.
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