Realizador de Guardiões da Galáxia 3 despedido pela Disney por tweets antigos e ofensivos
Brincadeiras antigas sobre crianças e sexo foram recuperadas por publicações ligadas à direita e levaram ao despedimento de James Gunn.
A Disney despediu sexta-feira o argumentista e realizador de Guardiões da Galáxia 3, James Gunn, depois de uma série de velhos tweets que escreveu e nos quais brinca com temas como a violação ou a pedofilia, terem reaparecido online esta semana.
“As atitudes e declarações ofensivas descobertas no feed do Twitter de James [Gunn] são indefensáveis e não coincidem com os valores do nosso estúdio, e cortámos os laços negociais que temos com ele”, disse o presidente da Walt Disney Studios, Alan Horn, em comunicado. Vários dos seus tweets, que remontam a 2009, incluem piadas envolvendo crianças e má conduta sexual.
Gunn é o realizador e autor dos dois filmes Guardiões da Galáxia que já existem e que foram gigantescos êxitos de bilheteira para a Disney e a Marvel: o primeiro filme, lançado em 2014, rendeu 659 milhões de euros em todo o mundo; a sequela de 2017 encaixou 736 milhões de receitas mundiais de bilheteira. O terceiro filme estaria previsto para estreia em 2020. Gunn deveria ter estado presente na Comic Con de San Diego na sexta-feira à noite.
O realizador tem um historial de comentários controversos na internet. Anos antes do seu primeiro filme Guardiões da Galáxia, pedira desculpas publicamente por ter feito comentários no seu blogue que foram considerados homofóbicos e sexistas.
Na quinta-feira à noite, Gunn comentou a mais recente controvérsia. “Muitas pessoas acompanharam a minha carreira quando comecei, quando me via como um provocador, que fazia filmes e contava piadas que eram escandalosas e tabu”, escreveu no Twitter. “Tal como já disse muitas vezes publicamente, à medida que me desenvolvi enquanto pessoa, o meu trabalho e o meu humor também evoluíram.”
Gunn prosseguiu dizendo: “Não quer dizer que seja [uma pessoa] melhor, mas sou muito, muito diferente do que era há poucos anos; hoje tento alicerçar o meu trabalho em amor e ligações e menos na raiva. Os meus dias de dizer coisas só porque eram chocantes e para tentar obter uma reacção acabaram.” Noutro tweet, acrescentou: “No passado, pedi desculpas por humor que magoou pessoas. Senti-me verdadeiramente arrependido e fui sincero quanto a cada palavra das minhas desculpas.”
Gunn é um fervoroso crítico do Presidente dos EUA, Donald Trump, e um utilizador das redes sociais muito activo que frequentemente dirige a sua raiva aos conservadores. Os seus tweets antigos foram recuperados por apoiantes de Trump. Esta táctica tem-se tornado num traço da internet pró-Trump: encontrar e ampliar velhos posts nas redes sociais que sejam potencialmente ofensivos da autoria de quem vêem como críticos. Em Dezembro, o comediante e radialista progressista Sam Seder foi despedido, e depois contratado novamente, como um comentador do canal MSNBC depois de várias figuras do Twitter ligadas à direita terem posto a circular uma piada ofensiva antiga.
No caso de Gunn, a história foi alimentada pela quantidade de tweets ofensivos do realizador, bem como por uma teoria da conspiração popular entre apoiantes de Trump na internet que defende que Hollywood e o Partido Democrata fazem parte de uma rede secreta de pedofilia.
Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post