Os desafios da banca digital

A ignorância das pessoas em matéria financeira não se resolve virtualmente.

A banca de retalho tal como a conhecemos está em vias de grande transformação. A migração para a banca digital é uma sentença por força das condições de mercado. Pela concorrência, pela necessidade de redução de custos operacionais, pela agilização na abordagem ao cliente, porque os clientes também se tornaram sofisticados com o mundo na palma da mão. 

De facto, o telemóvel veio trazer a falsa sensação de segurança e poder sobre a informação à distância de um clique. Mas as novas gerações de clientes bancários enfermam de uma lacuna que se mantém ao longo dos anos e que, apesar dos prejuízos causados a milhares de clientes com a falência de bancos, ainda não foi corrigida: a iliteracia financeira. 

A ignorância das pessoas em matéria financeira não se resolve virtualmente. Essa ignorância, acompanhada da desconfiança dos clientes bancários face à volatilidade dos investimentos, por vezes decorrentes de poupanças acumuladas de uma vida de trabalho, tem vindo a encaminhar a poupança para dívida do Estado. Poupança das famílias que tem vindo a reduzir nas últimas décadas, em favor do consumo. 

Por outro lado, a segurança das plataformas digitais vai sendo questionada, surgindo aqui ou ali notícia de mais uma falha na segurança informática da banca digital. Acresce ainda o surgimento das moedas virtuais que nasceram como meio de pagamento e agora são refúgio para investimentos e especulação financeira. 

A necessidade da redução da estrutura da banca tem vindo a antecipar reformas e rescisão de contratos, sendo substituídos temporariamente por mão-de-obra academicamente qualificada, mas sem experiência, em regime de contratação terceirizada e totalmente flexível.

Assim, a banca digital, acabada de nascer, terá que evoluir para novos segmentos de mercado, para se adaptar a novas necessidades do mercado. Por exemplo, com mais portugueses a terem que fazer contas à vida, sem direito a constituir poupança nem direito a beneficiar de crédito bancário. Uma nova causa social? 

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