Campus da Ajuda já tem uma residência universitária
O edifício encontra-se pronto para receber 186 estudantes, aos quais se juntarão 120 quando a segunda fase da obra estiver completa.
A primeira fase da residência universitária da Ajuda, no Campus Universitário, já está concluída e já pode receber 186 estudantes. Quando ficar finalizada a segunda fase, prevista para Novembro, haverá mais 120 camas neste pólo.
Segundo o reitor da Universidade de Lisboa, António Cruz Serra, a construção desta residência é uma ideia que vem desde 1999. A sua concretização, vinte anos depois, vem responder à falta de alojamento estudantil que a cidade de Lisboa enfrenta actualmente, entendendo tratar-se do “maior entrave no acesso ao ensino superior”.
Para Cruz Serra, este é um culminar de um longo projecto e é necessária agilidade administrativa. Com a construção de alojamento “ajudaremos claramente a regular o preço de mercado”.
O reitor afirmou ainda que a questão do alojamento, num momento em que Lisboa não consegue responder à procura existente, supera a questão das propinas como entraves ao acesso ao ensino superior e que o número de camas previstas para Lisboa nos próximos quatro anos não é “a mais” para aquilo que a cidade precisa.
Também o primeiro-ministro António Costa e o presidente da câmara de Lisboa, Fernando Medina, reconheceram a urgência do problema do alojamento numa cidade em que nenhuma instituição de ensino superior tem lugar para mais do que 10% dos estudantes deslocados.
Para o presidente da autarquia, a conclusão da primeira fase desta residência tem um “grande significado” no caminho para se tentar resolver o problema da habitação na cidade. Na sua intervenção, Fernando Medina salientou o compromisso da autarquia com a concretização de 650 camas para estudantes na cidade de Lisboa, bem como o desenvolvimento da zona da Ajuda.
Já o primeiro-ministro relembrou o objectivo de, em 2030, conseguir que 60% dos jovens de 20 anos em Portugal frequentem o ensino superior, cujo cumprimento depende de mais residências e uma maior democratização do ensino. Actualmente, apenas 46% dos jovens de 20 anos estudam em universidades ou institutos politécnicos.
António Costa acrescentou ainda que “se há algo essencial para a democratização do ensino superior é o alojamento estudantil”, colocando a questão no centro do acesso às universidades e politécnicos.
Em Fevereiro deste ano, o Governo comprometeu-se, através do Plano Nacional de Alojamento Estudantil, a criar 11500 novas camas para estudantes do ensino superior, dois terços das quais serão em Lisboa. A ideia é duplicar a oferta disponível, passando das actuais 15 mil camas para 30 mil até 2023.
Está prevista também a reabilitação de vários edifícios para a criação de outras 3500 camas. Da lista constam o antigo edifício do Ministério da Educação, na Avenida 5 de Outubro, em Lisboa – que já tinha sido anunciado pelo primeiro-ministro António Costa como o exemplo “mais emblemático” desta aposta –, o antigo edifício do Instituto de Meteorologia ou as cavalariças do Palácio das Laranjeiras, onde funciona o MCTES, ambos em Lisboa ou o quartel da Trafaria, em Almada.
António Costa salientou na sua intervenção que o esforço no sentido de aumentar a oferta de alojamento estudantil não está a acontecer só em Lisboa, reconhecendo ser “muito positivo que haja congregação de esforços” em todas as cidades do país que recebem estudantes do ensino superior.
No mesmo sentido, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, deu como exemplo o aumento do número de estudantes internacionais que chegaram ao país nos últimos três anos. Há assim uma crescente necessidade de também a eles oferecer alojamento estudantil para permitir que se continue o “caminho de um Portugal cada vez mais europeu”.
A Universidade de Lisboa tem cerca de 50 mil alunos, dos quais cerca de sete mil estudam no pólo da Ajuda – onde se encontram o Instituto de Ciências Sociais e Políticas e as faculdades de Arquitectura e Medicina Veterinária.
Texto publicado por Ana Fernandes