Ucrânia: 29 anos da independência
A proclamação da independência restaurou o Estado de pleno direito e o seu espaço no mundo, criando as condições prévias para o povo ucraniano ser dono da sua própria terra. Os 29 anos de independência mostraram que a Ucrânia tem sido um Estado soberano, capaz de consolidar valores democráticos e de proteger a sua liberdade.
A formação do Estado e a luta pela independência da Ucrânia têm uma tradição milenar, uma vez que durante muitos séculos o nosso país estava dividido entre diferentes impérios. Portanto, no curso da sua história, um dos valores fundamentais dos ucranianos foi sempre o desejo de liberdade.
“Lutai – combatei, Deus ajuda-vos! Convosco está a verdade, a glória e a sagrada liberdade!” – as palavras imortais do poeta e patriota ardente ucraniano Taras Shevchenko (1814-1861), que estão escritas no pedestal do seu monumento em Lisboa, refletem claramente o anseio do povo ucraniano de ser livre e independente. O trabalho criativo de Taras Shevchenko estava ligado à realidade do período da sua vida e baseava-se no movimento de libertação nacional. E, hoje, nós tratamos a sua obra com novos olhos, aplicando as suas palavras a acontecimentos na Ucrânia moderna.
Foi o desejo de liberdade que levou os ucranianos a lutar pela independência, nomeadamente, no início do século XX, durante a Revolução Ucraniana de 1917-1921, e no início dos anos 90 do século passado, que culminou com a proclamação do tão esperado Ato de Independência da Ucrânia, a 24 de agosto de 1991, cujo 29.º aniversário comemoramos neste ano.
A aprovação final da independência do Estado Ucraniano ocorreu no dia 1 de dezembro de 1991, quando mais de 90% dos cidadãos apoiaram essa opção no referendo. Os resultados deste referendo lançaram as bases para o reconhecimento internacional da Ucrânia por outros países.
Desde 2014, 23 anos após a Proclamação da Independência, os ucranianos tiveram novamente de se munir para proteger a liberdade e integridade territorial do seu Estado, na guerra com o agressor russo que continua até hoje e que já resultou na morte de cerca de 14 mil pessoas.
Ao mesmo tempo que restringe a agressão russa, a Ucrânia tem passado por um caminho de transformação impressionante em vários campos, implementado reformas em conformidade com os padrões europeus, mantendo-se firme e coerente na sua política destinada a aprofundar as relações com a União Europeia e a NATO.
A decisão do Conselho do Atlântico Norte de atribuir à Ucrânia o estatuto de país-membro do NATO's Enhanced Opportunities Program, a qual foi anunciada a 12 de junho de 2020, é de maior importância, uma vez que nos aproxima da nossa meta principal, fixada na Constituição Ucraniana: a integração europeia e euro-atlântica.
De acordo com as avaliações da Comissão Europeia, publicadas no passado dia 10 de julho, no terceiro relatório concernente à implementação do regime de liberalização de vistos entre a UE e os países da Parceria Oriental, a Ucrânia corresponde a todos os critérios e requisitos deste regime. Importa referir que, de acordo com os dados estatísticos ucranianos, nos três anos da implementação do referido regime, houve 49 milhões de viagens de cidadãos ucranianos aos países europeus.
Hoje, a Ucrânia é um estado democrático moderno, que promove a democracia representativa e a política ucraniana baseia-se nos princípios de igualdade e proteção dos direitos humanos. De acordo com a Economist Intelligence Unit, a cada ano, a Ucrânia aumenta o seu ranking no Índice de Democracia. Por exemplo, no período de 2018 a 2019, a Ucrânia aumentou a sua posição em seis pontos.
Tal como os ideólogos russos imperiais tentaram criar um mito de que a capital da Rússia “supostamente” se havia mudado de Novgorod para Kyiv e depois de Kyiv para Moscovo, a suposta ascensão de movimentos radicais de direita e ultranacionalistas na Ucrânia é apenas um mito criado e ampliado pela propaganda russa. O Governo Ucraniano condena qualquer agenda política de direita ou esquerda radical, combatendo sistematicamente e efetivamente qualquer manifestação de visões ultranacionalistas, chauvinistas, xenófobas, racistas, homofóbicas, intolerantes e discriminatórias.
A proclamação da independência restaurou o Estado de pleno direito e o seu espaço no mundo, criando as condições prévias para o povo ucraniano ser dono da sua própria terra. Os 29 anos de independência mostraram que a Ucrânia tem sido um Estado soberano, capaz de consolidar valores democráticos e de proteger a sua liberdade!
A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico