Da última vez que jantei no Colina, senti-me transportado para um filme de Claude Sautet (1924–2000). Mas por quê dessa vez e nunca das anteriores? Estive mais de um ano sem voltar àquela casa tradicional das Avenidas Novas, cuja clientela é constituída por solitários notívagos, famílias burguesas e turistas dos hotéis das redondezas, e entretanto vi ou revi o conjunto das 13 longas-metragens do realizador francês, um dos meus cineastas de cabeceira. O Colina existe desde 1971, é do tempo da afirmação do Sautet completo, após ter-se deslocado “do filme negro para a obra ao branco”, para usar a formulação do neurologista e autor de livros de cinema, Ludovic Maubreuil. É dele a monografia sobre Sautet editada em 2021 pela Pierre-Guillaume de Roux. Análise minuciosa sobre as personagens, os temas, procedimentos e técnicas dramáticas, o classicismo, e a falha ontológica que estão na razão da “tristeza tão bela do cinema de Claude Sautet”, o livro Claude Sautet du film noir à l’Oeuvre au Blanc dedica um subcapítulo às “cervejarias-refúgio”, portos de abrigo como é o Colina, que nas palavras do crítico gastronómico Manuel Gonçalves da Silva, se mostra “sempre aconchegante”.
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