Somos montanhas russas de diferentes altitudes

Hoje, continuo com incertezas, muitas dúvidas e apenas algumas certezas. E, o mais importante, na minha modesta opinião, é percebermos para onde não queremos ir, o que não queremos fazer e o que não queremos ser.

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Somos montanhas russas de diferentes altitudes. Sonhamos com futuros que, na maior parte das vezes, não se concretizam e com olhares que se cruzam e se perdem no tempo.

Queremos mais e melhor. Viajamos pelo mundo sem sair do sofá e idealizamos o emprego de sonho, mas levamos com a realidade de que nem tudo é tão poético assim. Moldamo-nos a casas com paredes que não nos representam e a sapatos que custam calçar, de tão pesado que começa a ser o cansaço. Mas o caminho pode ser melhor se mudarmos a perspectiva.

Desde nova percebi que gosto de escrever, mas ainda hoje não consigo entender bem qual é o meu dharma, ou melhor dizendo, o meu propósito. E penso que alguns de nós andam nesta deriva pessoal e profissional durante algum tempo, ou, pelo menos, no início da carreira.

Comecei a dizer que queria ser bióloga, mudei de ideias e jornalismo era a paixão, até que conheci o marketing e fui construindo um caminho que mereceu uma pausa. Senti a necessidade de respirar novos ares, vivenciar novas experiências e saltar sem pára-quedas para uma descoberta pessoal, com soluções nem sempre tão evidentes.

Hoje, continuo com incertezas, muitas dúvidas e apenas algumas certezas. E, o mais importante, na minha modesta opinião, é percebermos para onde não queremos ir, o que não queremos fazer e o que não queremos ser. Temos de estar atentos aos sinais, aos passos que damos e ao que nos dizem e dizemos. Temos de estar alerta e conscientes que não existe problema se não encontrarmos o emprego de sonho e fixo aos 20 ou 30. Somos seres em constante desenvolvimento, que precisam de se desdobrar e reflectir. Acima de tudo, encontrar. E é aqui que, na maior parte das vezes, está o problema.

Ser na sua plenitude exige mais do que pensamos. E a correria do dia-a-dia é tal que a confusão instala-se na nossa mente e somos mil num só. Por muito que Pessoa fosse incrível com os seus heterónimos, não somos todos iguais e só respeitando a diferença em cada um de nós podemos perceber a beldade existente. Os caminhos da mente são sinuosos e temos de ser habilidosos para os conseguirmos contornar e encaixar, uns nos outros, com a destreza com que o Ronaldo faz golos.

A caminhada pode ser dura, os obstáculos podem aparecer, mas, no meio de tudo isto, importa ter bem claro que depois de percebermos quem somos e o que queremos fazer será tudo mais surpreendente, mais brilhante e mais espontâneo. A beleza está na delicadeza com que encaramos e vivemos a vida.

Nada temas. Habitamos em espaços que não são sempre familiares, porque ser casa é diferente de ter asas, e as nossas emoções não têm de ditar as regras de forma exímia. A diferentes altitudes, em diferentes tempos do compasso, marcamos um ritmo que tem de ser só nosso e essa é a resposta para cuidares de ti e respeitares o teu tempo. E, no final, vai ficar tudo bem, sem o cliché que já cansa, mas com a brutalidade que acontece e entra pela tua porta sem pedir licença.

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