Dia do Estudante, uma ode à liberdade

Neste Dia Nacional do Estudante escolho celebrar as instituições de ensino superior enquanto escola de liberdade, cidadania e democracia. Da mesma forma que todo o pássaro nasce para ser livre, todo o pássaro nasce para voar, nenhum estudante quer ser engaiolado.

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@Daniel Rocha

O dia 24 de Março homenageia os estudantes como estrutura combativa e de oposição ao regime ditatorial do Estado Novo que lutaram pela liberdade em Portugal. Em 2022, o Dia Nacional do Estudante coincide de forma feliz com o dia em que o tempo de democracia ultrapassa em um dia o tempo de ditadura.

Hoje, celebramos este dia usufruindo do direito à palavra. Mas nem sempre foi assim. No ano negro de 1962, o Governo de Salazar proibiu a celebração do Dia do Estudante.

Temos dado a democracia por adquirida e não há nada de mais perigoso. Temos ignorado os sinais que mostram que a democracia está ameaçada pelo populismo, pela desinformação e pelos regimes autoritários.

Neste regresso paradoxal ao passado, a luta pelo mundo livre é de todos, cidadãos e instituições. As instituições de ensino superior devem, pois, afirmar-se como paço de liberdade, despertando a condição humana e a tomada de consciência, e gerando conhecimento assente na pluralidade de exercícios críticos, para que as sociedades se tornem progressivas ao invés de anacrónicas e redutoras.

As práticas de envolvimento cívico também se fazem pela participação dos estudantes nos órgãos de governo das instituições de ensino, seja no Conselho Geral, no Conselho de Acção Social, no Conselho Pedagógico, ou noutro qualquer espaço de participação.

A democracia para ser defendida tem que ser exercida. A participação dos estudantes na gestão das universidades e politécnicos não pode ser um mero exercício de retórica e de auscultação. Não há democracia plena sem democracia formal, com respeito pela representatividade de cada um dos grupos sociais que das instituições fazem parte. Como tal, é preciso empoderar os estudantes e fazê-los experimentar a responsabilidade das suas tomadas de decisão, em detrimento da sua inibição.

O desenvolvimento do movimento associativo estudantil decorre de associações de estudantes atentas, irreverentes, inconformadas e mobilizadoras, que têm protagonizado um papel relevante no progresso do ensino superior e na melhoria das condições de vida dos jovens, muitas vezes, perante a inércia dos agentes políticos.

Neste Dia Nacional do Estudante escolho celebrar as instituições de ensino superior enquanto escola de liberdade, cidadania e democracia. Da mesma forma que todo o pássaro nasce para ser livre, todo o pássaro nasce para voar, nenhum estudante quer ser engaiolado! Afinal, ainda há tanto a conquistar.

Que o relógio que marca a contagem da democracia nunca pare.

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