Um homem em contracorrente

Faz este mês 50 anos que o livro de Mário Soares, Portugal Amordaçado, foi publicado. Neste ensaio, o socialista Sérgio Sousa Pinto argumenta que a obra daquele que é considerado o “pai da democracia” continua fundamental para se entender a “resistência democrática não-comunista ao fascismo”.

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Mário Soares começou a escrever o livro Portugal Amordaçado em 1968 no exílio Daily Express/Hulton Archive/Getty Images

Há textos que saem melhor, outros pior, mas escrever sobre Mário Soares, neste caso sobre o seu livro mais importante, é para mim uma derrota anunciada. A amizade e a admiração não favorecem a objectividade, e mais vale reconhecer ab initio a minha radical parcialidade. A maior dificuldade, contudo, não vem propriamente daí, mas da responsabilidade inerente ao empreendimento, ou seja, de encontrar as palavras que façam justiça a Mário Soares, e o receio de desapontar os seus muitos companheiros felizmente ainda entre nós, tantos deles tão ou mais bem colocados do que eu para oferecerem um testemunho precioso e único, enfim, qualquer coisa mais merecedora de registo.

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