Ensino superior, e agora?

Mas o que sabemos nós aos 18 anos para decidir o que vamos fazer durante o resto da nossa vida? Afinal, o que sabemos da vida aos 18 anos?

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LUSA/ESTELA SILVA

Este é um hino a nós, estudantes, que aos 15 anos temos de escolher uma área de estudos a seguir e nem sabemos bem o que queremos. É um hino a nós que aos 18 anos temos de escolher um curso do ensino superior que queremos seguir e que iremos exercer o resto da vida.

Mas o que sabemos nós aos 18 anos para decidir o que vamos fazer durante o resto da nossa vida? Afinal, o que sabemos da vida aos 18 anos?

Ouvimos a opinião dos conhecidos, dos amigos e dos familiares, procuramos encontrar um meio-termo entre a opinião deles e a nossa, tentamos perceber o que é melhor para o nosso futuro, não olhando ao que gostamos, mas ao que dentro da nossa área nos dará mais sucesso na carreira.

Olhamos para o nosso futuro apenas como se de números se tratassem, mas acreditem que se trata de mais do que isso. Trata-se de uma escolha que vamos ter de ter connosco para o resto da nossa vida, que apesar de podermos trocar de curso ou de carreira será sempre uma marca no nosso percurso.

Podemos acertar à primeira e estarmos num curso em que nos enquadramos e na faculdade que queremos, porém também pode acontecer o inverso e não gostarmos do curso ou da faculdade. Nesse momento, começamos a pensar no “e agora?”.

Começamos a pensar no que os nossos amigos vão pensar, no que a família vai achar, de como as pessoas que nos conhecem vão encarar connosco. Pensamos se vamos ter fama de desistentes, se vamos parecer fracos perante a sociedade, pensamos se teremos saídas profissionais no outro curso para o qual queremos trocar porque nunca colocamos a opção de não gostarmos do curso que foi a nossa primeira opção.

Quando damos por nós, estamos numa espiral decadente e não sabemos o que queremos: ouvimos constantemente que o mercado está saturado, já temos um ano feito no curso que frequentamos, por isso o melhor é continuar. Por vezes, é de cortar a respiração pensar que sabemos o que queremos e depois vermos que não era bem aquilo, que afinal o curso não era o que parecia e que não se enquadra em nós. Mas, e daí?

Qual é o problema em recomeçar? Se formos a ver não é um ano perdido, é um ano de aprendizagens que um dia mais tarde nos pode ajudar. É um ano que foi fora da nossa rotina, é um ano que iremos recordar, contudo não tem de ser um ano em que fiquemos marcados por desistir.

Por isso, para quem vai escolher este ano o curso a que se vai candidatar ao ensino superior, espero que o faça com calma, que ouça as pessoas à sua volta, mas que não se esqueça da pessoa mais importante da sua vida: tu próprio.

A quem vai trocar de curso e sente mais incertezas do que certezas, há uma coisa que é certa: nunca vão ser felizes a fazerem algo de que não gostem.

Por vezes, temos de saltar para o vazio e esperar acertar. Afinal, somos miúdos a decidir o resto da nossa vida sem sabermos o que vamos encontrar pelo caminho. Que saibamos errar, aprender e recomeçar.

Quando todos se forem embora e as luzes se apagarem, somos nós que teremos de viver com as nossas escolhas. Que façamos escolhas que nos façam felizes.

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