Todos os anos assistimos a uma espera repleta de expectativas no que se refere à publicação do ranking das escolas. As direcções esperam alcançar os lugares cimeiros, ou, pelo menos, um melhor resultado face ao ano lectivo anterior; os professores têm o afã de que o seu trabalho se tenha traduzido numa boa posição no ranking; até os adultos afastados do sistema de ensino guardam em si o desejo que a sua escola tenha superado as expectativas; e os alunos, aqueles que mais se preocupam com os resultados dos exames, são também aqueles que menos se importam com esse ranking. E talvez seja essa última postura que devamos adoptar: uma postura que não é de exacerbação da importância atribuída aos rankings, que não é de indiferença face aos resultados, mas uma postura de um certo relativismo que de quem entende que um ranking não define nem condena uma escola.
De facto, os rankings não têm qualquer implicação prática nas escolas públicas, seja em financiamento ou em autonomia, pelo que a única razão que verdadeiramente justifica o entusiasmo relativamente a estes dados é orgulho, o brio e a vontade de superação. Tratando-se inequivocamente de sentimentos louváveis, não podemos permitir que se resuma a qualidade de uma escola ou de um agrupamento de escolas à sua posição de um ranking puramente estatístico.
Pelo contrário, devemos tomar em consideração as características demográficas, socioeconómicas e culturais inerentes a cada povoação, atendendo também às características individuais dos alunos, cientes de que cada sujeito é diferente e que os resultados obtidos no ranking do passado ano serão diferentes dos resultados do ano que agora termina. E todos estes factores que vão além dos números ganham uma crescente importância na escola pública que não escolhe nem exclui alunos, que a todos recebe e todos tenta educar, instruir e formar.
Portanto, uma escola não é um ranking, uma avaliação ou uma estatística e uma boa escola não é necessariamente uma escola que ocupa o topo dos lugares do ranking. Não queremos menosprezar a importância dos resultados alcançados, mas não podemos tornar a escola num sistema de capitalismo selvagem e radical que apenas se preocupa com números e resultados. Na escola, e em particular na escola pública, há outros valores que se erguem acima dos números: a genuína partilha do conhecimento através de uma autêntica ligação que se estabelece entre os professores e os alunos e entre estes e a própria escola.