Os brasileiros de torna-viagem no final do século XIX

Desde cedo que o processo histórico de construção do Brasil sustentou uma cadência crescente de partidas de portugueses. O desbravar do sertão e a organização de engenhos de cana-de-açúcar, primeiro, e, depois, a descoberta de ouro e diamantes, bem como o comércio inerente, tornaram-se atrativos para a transposição populacional tendente à formação do território, enquanto espaço em apropriação.

Vintage engraving of the courtyard of a sugar and coffee plantation, Brazil. Sugar canes are being unloaded from the back of a cart to be taken to a grinder. Whilst workers can be seen spreading out coffee beans to dry in the sun on the floor of the courtyard. Ferdinand Hirts Geographische Bildertafeln,1886.
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representação de uma fazenda de café e açúcar no Brasil da autoria de Ferdinand Hirts (Geographische Bildertafeln, 1886) GETTY
Vintage engraving of Rio de Janeiro, Brazil, 19th Century. 1878
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Gravura vintage do Rio de Janeiro no século XIX GETTY

No caleidoscópio social da emigração transatlântica, o apodo de “brasileiro de torna-viagem” representava apenas uma das múltiplas combinações resultantes da transposição de portugueses para o Brasil, simbolizando o estatuto daqueles que cumpriam o ciclo migratório imaginado à partida, retornando a Portugal com algum tipo de sucesso e algumas expressões de exotismo. Na gíria da navegação mercantil, o “torna-viagem” era o emigrante que, partindo jovem, afrontara as vicissitudes da zona equinocial, voltando mais encorpado, batido pelas ondulações da vida, com mais valor (fortuna, saber, experiência), numa representação análoga ao vinho com igual designação.

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