Os brasileiros de torna-viagem no final do século XIX
Desde cedo que o processo histórico de construção do Brasil sustentou uma cadência crescente de partidas de portugueses. O desbravar do sertão e a organização de engenhos de cana-de-açúcar, primeiro, e, depois, a descoberta de ouro e diamantes, bem como o comércio inerente, tornaram-se atrativos para a transposição populacional tendente à formação do território, enquanto espaço em apropriação.
No caleidoscópio social da emigração transatlântica, o apodo de “brasileiro de torna-viagem” representava apenas uma das múltiplas combinações resultantes da transposição de portugueses para o Brasil, simbolizando o estatuto daqueles que cumpriam o ciclo migratório imaginado à partida, retornando a Portugal com algum tipo de sucesso e algumas expressões de exotismo. Na gíria da navegação mercantil, o “torna-viagem” era o emigrante que, partindo jovem, afrontara as vicissitudes da zona equinocial, voltando mais encorpado, batido pelas ondulações da vida, com mais valor (fortuna, saber, experiência), numa representação análoga ao vinho com igual designação.
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