COP27: as nossas vozes não se calam
Já estamos quase no fim de mais um ano. Mais um ano de batalha para promover um futuro mais sustentável, com justiça social e climática para todos nós. Está a ser um ano para expressar urgência, para unir os povos e agir pela nossa casa comum. Sim, o nosso planeta, este belo habitat que está a ser destruído em ritmos avassaladores e que mostra que já não sustenta um sistema que polui, explora pessoas e recursos que são destinados para alguns e não para todos.
Todos nós sentiremos os impactos da crise climática, de formas diferentes, mas estamos unidos por esta previsão infeliz. E tudo porque as atividades humanas, inseridas no atual modelo de produção e consumo, emitem elevadas quantidades de gases com efeito de estufa (GEE), como o dióxido de carbono - principal GEE produzido pelas atividades humanas, sendo responsável por uma grande percentagem do aquecimento mundial antropogénico. As emissões de dióxido de carbono estão associadas a processos de combustão, à queima de combustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo e gás natural), à produção de eletricidade, aos transportes, à indústria, às habitações, à desflorestação, entre outros.
A crise climática é, sem dúvida, um grande desafio para todos nós. Os conflitos de interesse e a falta de vontade política são o grande entrave à ação climática, causando uma perda tanto de confiança como de ímpeto no processo para alcançar os objetivos do Acordo de Paris.
E estamos já quase a meio caminho de mais uma COP.
A COP é a Conferência das Partes (COP, na sigla em inglês), órgão de tomada de decisões da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, o tratado que resultou da Cimeira da Terra realizada no Rio de Janeiro em 1992. A COP reúne líderes mundiais a fim de agirem em conjunto com o objetivo de limitar o aumento da temperatura e as alterações climáticas.
A COP tem um objetivo de extrema importância para a ação climática, mas será que está a cumprir as suas metas? Parece que NÃO! O ritmo lento das negociações põe em causa a possibilidade de se limitar o aquecimento global a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais para evitar consequências mais graves das alterações climáticas. Além disso, a falta de inclusão da sociedade civil organizada e a exaltação do status quo dos países do norte global resumiram-se ao que a ativista Greta Thunberg chamou de “blá, blá, blá” dos políticos.
Necessitamos urgentemente mudar perspetivas e acelerar os esforços no sentido da maior participação de todos, transparência, responsabilidade e integridade para assegurar uma ação global eficaz contra a crise climática. Os movimentos climáticos estão a unir-se e querem ser parte da mudança.
Organizações unem-se em Portugal
Em Portugal, a agenda nacional pela justiça climática cresce e torna-se mais robusta a cada ano. A sociedade civil está a organizar-se e a levar o movimento climático a novos patamares, porque Portugal também sentirá os impactos das alterações do clima. Estamos numa situação particularmente vulnerável à subida do nível médio do mar e a fenómenos meteorológicos extremos que potenciam outros efeitos, tal como a seca que marcou presença, mais um ano, em território português.
Neste sentido, no âmbito da COP27, um grupo de organizações não-governamentais lançaram uma coligação a chamar a atenção para a falta de ação climática e convocou uma quinzena de ações, incluindo uma marcha para o dia 12 de Novembro (às 14h, no Campo Pequeno, em Lisboa), para exigir políticas climáticas compatíveis com a realidade climática.
A coligação nacional “Unir contra o fracasso climático” identifica a indústria dos combustíveis fósseis como a responsável pela crise climática e pelo aumento do custo de vida atuais. A mensagem da coligação é de que juntos e juntas podemos pressionar por ações para que a mudança aconteça, agora! E é nesta mensagem de união que a sociedade civil em Portugal torna-se mais ativa e unida do que nunca.
A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico.