Adrian Hastings, Wiriyamu e o 25 de Abril
Em Julho de 1973, Hastings consegue que o The Times lhe dê honras de primeira página para publicar um artigo dando conta de uma atrocidade praticada pelas forças portuguesas em Moçambique.
“Um paranóico com a mania do escândalo”: foi assim que em Julho de 1973 o jornal A Época, órgão oficioso da Ação Nacional Popular (sucessora da União Nacional salazarista), descreveu Adrian Hastings. O Estado Novo tinha em mãos um dos mais delicados escândalos internacionais que alguma vez o atingiu, e Hastings, um reverendo católico inglês nascido em 1929, podia ser justamente apontado como o orquestrador do vendaval de “má imprensa” que, durante semanas a fio, o Governo de Caetano teve de enfrentar. Foi seguramente um papel para o qual se havia preparado de forma exímia – e, como o próprio admitiu, com bastante excitação à mistura (“Senti-me como Guy Fawkes junto dos seus barris de pólvora”). Em 1973, Hastings já não estava longe da ruptura que em poucos anos haveria de consumar com a Igreja Católica, por não reconhecer na sua liderança a capacidade para atender às expetativas de renovação geradas pelo Concílio Vaticano II. Depois de uma experiência de vários anos em África, onde se tornou um dos primeiros padres europeus às ordens de um bispo negro, o ugandês Joseph Kiwanuka, Hastings regressara ao Reino Unido desencantado com o esmorecer do impulso renovador que ia observando no pontificado de Paulo VI.
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