Pedro Paulo Rangel (1948-2022), presença marcante na TV brasileira

Actor, que tinha enfisema, fez o primeiro nu masculino e um dos primeiros papéis gay da história da dramaturgia brasileira. Tinha 74 anos.

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Pedro Paulo Rangel tinha 74 anos acervo Globo

Internado desde 30 de Outubro na Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, Pedro Paulo Rangel, que sofria de doença obstrutiva pulmonar crónica, morreu na madrugada desta quarta-feira, aos 74 anos, de acordo com a assessoria de imprensa do hospital.

Nascido a 29 de Junho de 1948, no Rio de Janeiro, o actor cedo se interessou por teatro e participou em peças infantis e amadoras durante toda a adolescência.

A estreia como profissional aconteceu em São Paulo, em 1968, na peça Roda Viva, de Chico Buarque. Ainda na capital paulista continuou carreira com Galileu Galilei, de Bertold Brecht, sob a direcção de José Celso Martínez Correa, e Romeu e Julieta, de Shakespeare, com Soares como director, ambas em 1969.

No mesmo ano, Pedro Paulo Rangel fez seu primeiro trabalho televisivo com a novela Super Plá, de Bráulio Pedroso, na extinta Tupi. O primeiro papel enquanto protagonista veio em 1970, com a peça Jorginho, O Machão, de Leilah Assumpção, dirigida por Clovis Bueno.

Em 1972, já de volta ao Rio, o actor estreou-se nas produções Globo com a novela Bicho do Mato. Fez o primeiro nu masculino da TV brasileira em Gabriela, em 1975. A sua personagem, Juca, e a amante, Chiquinha, interpretada por Cidinha Milan, eram atirados nus para o meio da rua depois de serem apanhados em flagrante pelo marido dela. O enquadramento distante permitiu que a cena fosse permitida pela censura.

No mesmo ano, Pedro Paulo Rangel interpretou a personagem-título de O Noviço no horário das seis da tarde. Vieram depois duas novelas em horário nobre, Saramandaia e O Pulo do Gato.

Pepê, como era chamado pelos amigos, voltou à Tupi em 1979 para a novela Dinheiro Vivo, mas em 1981 já estava novamente na Globo, onde entrou para o elenco fixo do programa Viva o Gordo" de Jô Soares.

Ganhou o seu primeiro prémio Molière de melhor actor de teatro em 1982, por A Aurora da Minha Vida, de Naum Alves de Sousa. Ainda receberia mais dois — em 1989, por Machado em Cena - Um Sarau Carioca, de Luís Lima, e em 1994, por O Sermão da Quarta-Feira de Cinzas, de Moacir Chaves, um monólogo em que interpretava a figura de padre António Vieira e que também lhe rendeu os prémios Shell e Mambembe.

O actor fez ainda alguns filmes, mas não granjeou destaque em nenhum. Entre a sua filmografia contam-se títulos como O Beijo no Asfalto, de Bruno Barreto, de 1981, Amélia, de Ana Carolina, de 2000, e O Coronel e o Lobisomem, de Guel Arraes, de 2005.

Foi a televisão que lhe trouxe fama e popularidade. Adamastor, da novela Pedra sobre Pedra, de 1992, foi um dos primeiros personagens abertamente gay da TV brasileira. Em Vale Tudo, de 1988, encarnou Poliana, o melhor amigo da protagonista Raquel, feita por Regina Duarte. Fez par romântico com Cássia Kis em Sabor da Paixão, de 2002.

Depois de inúmeras novelas, mini-séries e programas de humor, Pedro Paulo Rangel terminou o seu contrato com a Globo em 2013, mas ainda fez alguns trabalhos para televisão. A sua mais recente participação foi na série Independências, exibida neste ano pela TV Cultura.

Pedro Paulo Rangel estava em cartaz no Rio com o monólogo O Actor e o Lobo quando foi internado. Não deixou filhos.

Exclusivo PÚBLICO/Folha de S. Paulo

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