Dados estatísticos provisórios
Great Yarmouth observa a ilusão do mundo contemporâneo, das suas formas de vida, que agora são meras formas de sobrevivência.
Estamos a meio dos anos 1980 e Abel (Rogério Samora) “regressa” a casa, uma aldeia em Trás-os-Montes. Vem de França, onde passou vários anos e o seu regresso é motivado por vingança e trauma. Falamos de Matar Saudades (1987), de Fernando Lopes, onde o tema da emigração como que dá uma volta. Era como se, anos mais tarde, víssemos os despojos e os rastos daqueles que existiram num certo cinema dos anos 1970, como em Trás-os-Montes (1976), de António Reis e Margarida Cordeiro, filme cheio de espectros, daqueles que emigraram para ter uma vida melhor; ou mesmo, ainda antes, daquele desejo de sair que brotava da boca dos protagonistas de Paulo Rocha (Verdes Anos, 1963; ou Mudar de Vida, 1966). No filme de Lopes, vê-se já o Portugal da Europa, com as suas novas auto-estradas a rasgar os montes. Tal como este filme, muitos outros, entre os anos 1980 e 1990, mostravam um país em mudança, mas cheios de marcas do tempo, cicatrizes que não saravam.
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