Enfermeiro especialista em enfermagem comunitária e saúde pública: esta especialidade tem uma importância significativa na promoção da saúde, prevenção de doenças e resposta a crises. No entanto, é lamentável que este profissional seja frequentemente “marginalizado” e que sua importância seja reduzida.

O enfermeiro especialista em enfermagem comunitária e saúde pública desempenha um papel crucial. A sua actuação transcende o âmbito individual, alcançando um número significativo de pessoas através de intervenções em larga escala. Por meio de estratégias de educação para a saúde, programas de prevenção de doenças e gestão de casos, os enfermeiros especialistas em enfermagem comunitária e de saúde pública ajudam a capacitar as comunidades a adoptarem hábitos saudáveis e a tomarem decisões informadas sobre sua saúde.

Colaboram com outros profissionais de saúde e especialistas em saúde pública para identificar necessidades, definir prioridades e desenvolver estratégias adequadas para enfrentar os desafios de saúde da comunidade. Desempenham um papel activo no desenho e implementação de programas de saúde, monitorização de indicadores de saúde, avaliação de intervenções e na promoção de políticas públicas voltadas para o bem-estar da população.

Apesar de sua relevância, é preocupante observar que o enfermeiro de saúde comunitária e saúde pública é muitas vezes marginalizado e sua importância reduzida. A diminuição das cotas para concursos hospitalares internos para especialistas nessa área em Portugal é um exemplo disso. Essa redução limita o número de profissionais que têm gosto por esta área e se sentem desvalorizados a poderem crescer dentro da sua profissão, da sua escolha.

A valorização e o reconhecimento desse papel são essenciais para garantir uma saúde pública eficaz e para promover o bem-estar de toda a população. A dificuldade em mobilizar os enfermeiros especialistas em enfermagem comunitária e saúde pública para os cuidados de saúde primários é uma questão preocupante. São profissionais extremamente necessários na comunidade, onde sua presença seria uma verdadeira mais-valia devido à falta de resposta adequada do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Infelizmente, o Governo português não tem demonstrado preocupação suficiente em tomar medidas para que essa mobilização ocorra de forma efectiva. A falta de políticas para direccionar estes enfermeiros para os cuidados primários resulta numa concentração de profissionais noutros sectores, como hospitais.

Os cuidados de saúde primários são a porta de entrada para o sistema de saúde, onde muitos problemas de saúde podem ser identificados precocemente e tratados de forma mais eficiente. A presença dos enfermeiros comunitários nas equipas de saúde primária seria essencial para a melhoria do acesso e da qualidade dos cuidados de saúde para a população.

É necessário que o Governo reconheça a importância desses profissionais e adopte medidas concretas para a sua mobilização para onde são tão necessários. Isso poderia incluir a criação de vagas específicas para estes enfermeiros nas equipas de saúde primária, e o estabelecimento de políticas de recrutamento e contratação que priorizem esses profissionais para os cuidados de saúde primários.

Garantir a presença dos enfermeiros especialistas em enfermagem comunitária e saúde pública nos centros de saúde é uma estratégia crucial para fortalecer o sistema de saúde como um todo e proporcionar uma resposta mais eficaz às necessidades da população. É urgente que o governo português reconheça essa necessidade e tome medidas concretas para corrigir essa lacuna, assegurando que esses profissionais estejam disponíveis onde são mais necessários: junto da comunidade e dos utentes do SNS para garantir uma saúde pública robusta e eficaz.