Norte já sente a tempestade Aline. Portugal sob alerta laranja

Tempestade Aline já causa estragos a Norte. Às 00h, a Protecção Civil colocou todo o território de Portugal continental sob alerta laranja. Foram enviados SMS de aviso.

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Mau tempo no Porto LUSA/ESTELA SILVA
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As primeiras consequências da Tempestade Aline foram registadas ao final da tarde de quarta-feira, como tinha alertado a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC). Um pouco por toda a região Norte, nomeadamente em Braga e Guimarães, há registo de estradas e casas inundadas, bem como de queda de árvores. Pelas 23h30, havia já notícia de 780 ocorrências no país.

A chuva forte também já causa estragos e constrangimentos no Porto, onde o encerramento previsto da Avenida Gustavo Eiffel foi antecipado em duas horas.

Em declarações aos jornalistas, o coordenador municipal de Protecção Civil do Porto, Carlos Marques, revelou que, até às 22h, foram registadas na cidade cerca de 70 ocorrências "ligeiras", nomeadamente infiltrações e inundações, em consequência do mau tempo dos últimos dias, que se agrava agora. "Na terça-feira, com a depressão Babet, registamos 54 ocorrências. Esta quarta-feira, em duas horas, foram 40 ocorrências", especificou.

Ao lado de Carlos Marques no Centro de Gestão Integrada, o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, anunciou que uma família de cinco residentes nas Fontainhas afectados pela intempérie foi deslocada esta noite para o seminário de Vilar, devido ao risco de repetição das inundações de Janeiro naquele bairro.

"Aquela zona não tem condições de habitabilidade. Estamos a tentar adquirir aqueles terrenos, não para alojamento, mas para construir bacias de retenção. As pessoas não podem voltar para aquelas casas", argumentou Rui Moreira, que salientou a imprevisibilidade destes fenómenos meteorológicos. "Tínhamos previsto encerrar a Avenida Gustavo Eiffel a partir das 22h, e no entanto tivemos de fechar mais cedo, às 20h. Estes são fenómenos muito rápidos. Hoje há menos dias de chuva, mas quando chove, chove muito", disse o autarca.

Portugal sob alerta laranja

Às 00h desta quinta-feira, o estado de alerta foi elevado para laranja em todo o território de Portugal continental. Horas antes, a Protecção Civil começou a emitir SMS de aviso: "Chuva e vento forte na sua região nas próximas 36 horas. Risco de cheias e inundações. Proteja-se. Siga as recomendações".

“Teremos uma situação de precipitação que será prolongada ao longo do dia” de quinta-feira, explicou e segundo-comandante da ANEPC, Miguel Cruz, numa conferência de imprensa ao final da manhã de quarta. “Foi determinado o envio de um SMS preventivo a toda a população para evidenciar os cuidados necessários”, justificou.

A depressão Aline transporta uma massa de ar quente, húmida e instável, que vai trazer precipitação forte e rajadas de vento que poderão chegar até os 110 quilómetros por hora, em especial no litoral a Sul do Cabo Mondego e na costa Sul do Algarve. A ANEPC pede que se evitem deslocações desnecessárias, devido à possibilidade de inundações, deslizamento de terras, agitação marinha e ventos fortes.

“Os cuidados que queria destacar desde já têm que ver com a circulação rodoviária. Há possibilidade de ocorrência de lençóis de água nas vias de circulação por acumulação de água”, destaca Miguel Cruz. Também é importante “garantir fixação das estruturas para evitar quedas devido à intensidade do vento” e “evitar actividades relacionadas com o mar, incluindo o estacionamento e passeio junto à orla marítima”.

As regiões Norte e Centro de Portugal continental serão as mais afectadas, mas a tempestade Aline deverá atingir a totalidade do território nacional” em “diferentes graus de intensidade”.

Os serviços municipais foram alertados para terem especial atenção à possibilidade de inundação das vidas públicas, já que conhecem os locais mais vulneráveis e podem assim tomar medidas preventivas.

Não se espera ocorrência de cheias e inundações em larga escala em Lisboa, como as que assolaram a cidade em Dezembro do ano passado. Segundo a ANEPC, os níveis de precipitação previstos são menores dos que foram registados em casos anteriores e não têm sido registados “episódios recorrentes” de chuva na capital nos últimos tempos. No entanto, a Câmara de Lisboa anunciou que irá activar o seu Centro de Coordenação Operacional Municipal.

Final de semana com trovoada e ondas até 14 metros

Num comunicado enviado ao final da tarde desta quarta-feira, o Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA) acrescentou que a precipitação "deverá ser por vezes forte e ocasionalmente acompanhada de trovoada nas regiões Norte e Centro, estendendo-se ao restante território a partir da madrugada [desta quinta-feira], aumentando de intensidade a partir da manhã" de quinta-feira.

Em simultâneo, a agitação marítima irá aumentar, esperando-se ondas até 14 metros a Noroeste entre quinta e sexta-feira.

Devido à previsão de chuva e vento fortes, o IPMA também emitiu aviso laranja para os 18 distritos do continente. com Lusa