Não é preciso ser fã muito fervoroso de Lewis Hamilton para aceitar que, por esta altura, há dois anos, o recorde de sete campeonatos detido pelo próprio Hamilton e Michael Schumacher deveria ter sido quebrado.
Desde então, Hamilton nunca mais ganhou uma corrida. Na verdade, e sem querer com isto causar incidentes diplomáticos, desde então todos estamos fartos de ouvir os mesmos hinos todos os domingos.
Em 2015, Lewis pediu junto do Instituto da propriedade intelectual da União Europeia (EUIPO) o registo da marca “Lewis Hamilton” para vários serviços e produtos (que incluíam venda de joalharia, relógios e os mais variados acessórios – enfim, tudo aquilo a que associamos a Lewis Hamilton fora da pista.
Os amantes de relógios que não vêem F1 provavelmente associam o nome Hamilton aos relógios estilo militar que são fabricados desde o fim do século XIX e largamente popularizados durante a II Guerra Mundial, não a Lewis. A empresa que fabrica estes relógios “desafiou” o piloto e pôs em causa o registo da marca para determinadas classes e produtos que (o outro) Hamilton pretendia ver protegidos.
A empresa que representa Lewis Hamilton na gestão dos seus direitos de propriedade intelectual, que era a parte do processo, contra-alegou dizendo que não havia qualquer risco de confundibilidade já que Lewis Hamilton é um famoso piloto de F1.
A decisão foi agora conhecida com este curioso fundamento: “Lewis Hamilton tem um recorde de sete Campeonatos do Mundo e detém o recorde de mais vitórias, pole positions, pódios, entre outros. Não há dúvida que no mundo do desporto de corridas motorizadas, Lewis Hamilton é uma pessoa famosa”.
No entanto, os produtos que pretende vender sob a égide da marca, sustenta-se na decisão, não têm como destinatários apenas o público da União Europeia interessado naquele tipo de desporto e focando-se nos países com menor ligação à Fórmula 1 (países que nunca tiveram uma corrida, nem nacionais ou construtores a participar num evento de F1 – Bulgária, Croácia, entre outros), entendeu que Lewis Hamilton não pode ser percepcionado como uma pessoa famosa numa parte significativa da UE.
Apesar de juridicamente ser duvidoso que o nome de um famoso possa ser registado como uma marca só por se ser famoso, a grande questão que fica aqui no ar é: E se aquela última volta de Abu Dhabi 2021 tivesse sido diferente? Seria Lewis Hamilton famoso o suficiente hoje?