Vamos olhar de novo para a microbiologia?
Através de áreas em rápida evolução como a genómica microbiana, a metagenómica e a biologia sintética, as promessas de resolução destes desafios estão à mão de semear das próximas gerações.
A crise de saúde pública causada recentemente pelo novo coronavírus, despertou medos e curiosidades em todos. Questões sobre desinfeção microbiana, tipos de vacinas e até o controle da sintomatologia associada à infeção viral, eram comuns em conversas banais e mais sérias. Todos estávamos, de repente, interessados na compreensão dos mecanismos de atuação deste vírus. Enfermeiros, médicos e uma variedade de pessoal da área da saúde, eram personagens atuantes nas linhas telefónicas, na TV, nos hospitais e centros de saúde, cuja presença assídua, os tornou também parte do nosso quotidiano. A microbiologia saltou para os meios de comunicação social e ficou sob os holofotes. Esta pandemia e a eminência de possíveis outras, veio mostrar a necessidade de governos e a sociedade em geral, prestarem a devida atenção aos microrganismos.
Com tantas células microbianas no nosso corpo quanto células humanas, estes companheiros de viagem fazem mais por nós do que causar doença. A microbiologia e as suas aplicações no nosso quotidiano são um campo diversificado e dinâmico que abrangem praticamente todos os aspetos da vida na Terra; na sua imensa generosidade, os microrganismos brindam-nos com produtos como o pão, o vinho, a cerveja, o queijo, o iogurte e outros produtos fermentados que modulam e sustentam o nosso equilíbrio intestinal e o nosso sistema imunitário.
Com uma plasticidade metabólica única entre os seres vivos, aprendemos a depender deles como verdadeiras fábricas celulares para a produção de fármacos como a insulina e os antibióticos, para degradar compostos recalcitrantes no ambiente, reciclando assim os elementos químicos necessários à vida tal como a conhecemos, num verdadeiro contexto de economia circular.
A microbiologia está ainda na linha de frente, como ferramenta para os imensos desafios que se colocam no mundo atual, como a resistência a antibióticos, alterações climáticas, o combate à fome e à subnutrição, a sustentabilidade e até o surgimento de novas pandemias. Através de áreas em rápida evolução como a genómica microbiana, a metagenómica e a biologia sintética, as promessas de resolução destes desafios estão à mão de semear das próximas gerações.
A educação em microbiologia promove o pensamento crítico e competências na resolução de problemas. Os alunos são incentivados a projetar experiências, analisar dados e tirar conclusões baseadas em evidências onde coalescem conhecimentos das várias áreas de interface como a genética, a biologia molecular, a bioquímica ou a biotecnologia. Essas habilidades são transferíveis para diversas disciplinas e são altamente valiosas num mercado de trabalho em rápida evolução, capacitando os alunos a contribuir para avanços nessas áreas, abordar questões globais urgentes e tomar decisões informadas nas suas vidas pessoais e profissionais. À medida que continuamos a desvendar os mistérios deste micromundo, a importância do ensino da microbiologia mostra-se cada vez mais inegável.
A autora escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990