Taylor Swift ameaça processar estudante que monitoriza o seu jacto privado

Jack Sweeney, de 21 anos, monitoriza jactos privados de multimilionários e figuras públicas, divulgando estimativas das emissões de gases poluentes geradas pelos seus voos.

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Taylor Swift venceu esta semana o Grammy de Álbum do Ano Reuters/MARIO ANZUONI
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Os advogados de Taylor Swift ameaçaram levar a tribunal um estudante universitário do estado norte-americano da Florida, conhecido por gerir contas nas redes sociais que monitorizam os voos dos jactos privados de várias celebridades, incluindo da cantora.

Jack Sweeney mantém há anos várias contas que divulgam as descolagens e aterragens de aeronaves privadas de multimilionários, políticos, oligarcas russos e outras figuras públicas, bem como estimativas das emissões de gases poluentes geradas por esses voos.

Para isso, recorre a dados tornados públicos pela Administração Federal de Aviação norte-americana e a voluntários que vão acompanhando as aeronaves através dos sinais por elas transmitidos. Além de Taylor Swift, têm sido seguidas as deslocações de Donald Trump, Kim Kardashian, Jeff Bezos, Elon Musk e Mark Zuckerberg, entre outras personalidades.

No final de 2022, as páginas de Sweeney desencadearam um debate sobre liberdade de expressão, depois de o jovem ter sido expulso do X (antigo Twitter) por partilhar aquilo a que o dono da rede social, Elon Musk, chamou "coordenadas de assassinato", apesar de não ser divulgada informação detalhada sobre quem viaja a bordo das aeronaves.

Em Dezembro, a equipa de defesa de Taylor Swift enviou ao estudante de Tecnologias de Informação uma notificação extrajudicial, afirmando que, caso não cessasse o "comportamento de perseguição e assédio", Swift "não teria outra opção senão recorrer a medidas legais".

Os registos de Jack Sweeney causaram à cantora e à sua família "danos directos e irreparáveis, bem como desgaste físico e psicológico" e agravaram o "constante receio pela própria segurança", argumentou a advogada Katie Wright Morrone, de acordo com a carta enviada para a morada dos pais de Sweeney, que o jovem partilhou com o The Washington Post.

"Ainda que isto possa parecer um jogo para si, ou uma forma de obter fama ou dinheiro, é uma questão de vida ou morte para a nossa cliente", escreveu Morrone. "Não existe qualquer interesse legítimo ou necessidade pública desta informação, a não ser perseguir, assediar e impor domínio e controlo."

A estrela da música pop tem lidado sistematicamente com perseguidores que aparecem à porta das suas casas, acrescentou a advogada. Um deles está agora a ser acusado de perseguição e assédio após ter sido detido no mês passado, à porta da casa de Taylor Swift em Manhattan.

Questionada sobre se a defesa de Taylor Swift tinha alguma prova de que os stalkers tinham usado informações divulgadas por Sweeney para chegar à cantora, Tree Paine, assessora de Swift, disse: "Não podemos comentar qualquer investigação policial em curso, mas podemos confirmar que coincidências de tempo sugerem uma ligação. As publicações dele dizem-nos exactamente quando e onde ela estaria."

Swift entre as celebridades que mais contribuem para emissões de CO2

Sweeney, de 21 anos, disse ao The Washington Post que viu a carta como uma tentativa de o dissuadir de partilhar dados que são de acesso público. As suas publicações permitem apenas deduzir as cidades em que Swift poderá estar no momento, tal como acontece se for consultado o calendário dos seus concertos ou dos jogos da liga de futebol americano a que poderá assistir.

Além disso, a carta foi-lhe enviada num momento em que Swift enfrentava uma onda de críticas pelo impacto ambiental dos seus voos, aponta. "Esta informação já está a circular", defendeu. "A equipa dela acha que pode controlar o mundo."

As deslocações em jactos privados motivam críticas constantes pelo seu impacto "desmesuradamente elevado" nas alterações climáticas e as publicações de Sweeney têm sido usadas para nomear e condenar os passageiros mais famosos. Em 2022, as suas contas online foram citadas numa análise que considerava Swift a "celebridade mais poluidora" do ano, tendo em conta o volume das emissões de dióxido de carbono.

À data, a sua assessora disse ao The Post que a análise era incorrecta, uma vez que o jacto era muitas vezes emprestado a outras pessoas. Já esta semana, Tree Paine afirmou que a artista adquiriu mais do dobro dos "créditos de carbono" necessários para compensar os gases com efeito de estufa emitidos pelas viagens da sua próxima digressão.

Na altura em que Jack Sweeney recebeu a notificação extrajudicial, a Meta, dona do Facebook e Instagram, desactivou as contas que o jovem tinha criado para seguir os voos de Taylor Swift, alegando que violavam as regras de privacidade das redes sociais. O estudante universitário recomeçou a publicar essas actualizações noutras contas e, no mês passado, recebeu uma segunda carta em que as suas acções eram consideradas "assédio".

A defesa de Swift refere ainda que Sweeney é "conhecido por desconsiderar a segurança de outras pessoas em troca de atenção e/ou ganhos financeiros".

O jovem norte-americano pediu, entretanto, ajuda à Electronic Frontier Foundation, dedicada à protecção de direitos e liberdades online. O advogado James Slater respondeu à carta em nome de Sweeney, alegando que a advogada Katie Wright Morrone não apresentou qualquer fundamento legal, que as informações sobre os voos não representam "qualquer ameaça" à segurança de Swift nem violam "nenhum dos seus direitos".

"Não se trata de pôr um localizador GPS em alguém e invadir a sua privacidade. Trata-se de utilizar informação pública para seguir o jacto de uma figura pública", insistiu James Slater numa entrevista. "Isto é uma tentativa de abafar uma questão de relações públicas e intimidar o meu cliente para acabar com publicidade negativa."

Nem Katie Wright Morrone, nem a Meta responderam a um pedido de esclarecimentos enviado pelo The Washington Post.

Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post

Tradução de Carolina Amado