O Povo é Imortal, romance de guerra de um magnífico escritor russo, Vassili Grossman

Não é dos melhores livros de Grossman (1905-1964), mas nele já se (ante)lê o magnífico escritor futuro.

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Vassili Grossman em Schwerin, Alemanha, 1945 Getty Images
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Militantemente datado e improvisadamente funcional, O Povo é Imortal não é um dos melhores livros de Vassili Grossman (1905-1964). Os melhores livros deste grande escritor soviético já foram publicados pela editora D. Quixote. Referimo-nos a Vida e Destino e a Tudo Passa. E, no entanto, aqui e ali, em O Povo é Imortal, já se (ante)lê o magnífico escritor futuro. Como quando, por exemplo, iniciada a invasão alemã naquele Verão de 1941, o narrador observa a cidade semidesértica: “Às vezes, depois da chuva, o orvalho brilhava nas folhas, os charcos cintilavam, o ar tornava-se brando e puro; por alguns momentos, parecia às pessoas que a terrível desgraça que atingira o país não existia, que o inimigo não estava a cinquenta quilómetros das suas habitações, que a vida simples e normal continuava como antes. As raparigas trocavam olhares com os soldados, os velhos descansavam nos bancos dos jardinzinhos, as crianças brincavam com a areia preparada para apagar as bombas incendiárias.” (p. 36)

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