Alfa Pendular faz 25 anos

Foi em 30 de Junho de 1999 que o comboio mais rápido da CP fez a sua viagem inaugural. Demorou 2 horas e 16 minutos entre o Porto e Lisboa.

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Comboio Alfa Pendular JOAO GONCALVES / PUBLICO
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Primeiro comboio alfa pendular a sair da nova estação de Braga Manuel Roberto
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Comboio Alfa Pendular Miguel Manso
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Comboio Alfa Pendular Daniel Rocha
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Oficinas EMEF da CP em Contumil Nelson Garrido
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Cabeleireiro, um dos serviços que existiram nos alfas Daniel Rocha
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Comboio alfa pendular Paulo Ricca
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Comboio Alfa Pendular Daniel Rocha
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Num país onde a velocidade máxima dos comboios era de 140 km/h, a estreia de um comboio que ultrapassava os 200 km/h era motivo de festa, apesar desse patamar de velocidade só ser alcançável – como ainda hoje – em curtos troços da linha férrea que liga Lisboa ao Porto.

Por isso, nesse dia 30 de Junho de 1999, quando na viagem de estreia o Alfa Pendular atingiu os 204 km/h, na zona de Pombal, houve uma salva de palmas a bordo. Nele viajavam o então secretário de Estado dos Transportes, Guilhermino Rodrigues, os presidentes da CP e da Refer, administradores de empresas, quadros técnicos, convidados e jornalistas.

O comboio saíra de Campanhã com um minuto de atraso, às 10h06, mas acabaria por chegar a Santa Apolónia à tabela, às 12h55. Não teve paragens intermédias em Aveiro e Coimbra, mas parou no Entroncamento para nele entrar o ministro do Equipamento, João Cravinho, rodeado de uma multidão de jornalistas, todos com dificuldade em movimentar-se num espaço tão exíguo. “Ah, isto é muito confortável!”, exclamou o ministro. Ele próprio, na cabine de condução, assistiria pouco depois ao momento em que o Alfa atingiu os 220 km/h, algures entre o Setil e o Carregado, um dos raros troços da linha da Norte já modernizado e que permitia aquela velocidade.

A notícia do PÚBLICO refere aquilo que para a época eram as novidades de um comboio premium: “totalmente alcatifado, o interior da nova coqueluche da CP é decorado em tons de azul e branco” e cada carruagem tem um painel electrónico “onde é possível ver a velocidade do comboio, a hora, a temperatura exterior e a indicação da próxima paragem”. Assinalava-se também que havia ecrãs para ver filmes, auscultadores ligados aos assentos, três canais de música, bar e cortinas eléctricas. E havia mais: “para quem deseja trabalhar (o mercado dos executivos é um dos alvos da CP), o Alfa Pendular está equipado com telefones e fax, fichas para ligação a computador e repetidor de sinal para telemóveis”. Um verdadeiro deslumbre tecnológico!

Se a viagem inaugural durou 2 horas e 16 minutos, as viagens comerciais que tiveram início no dia seguinte (1 de Julho de 1999) duravam 3h30 minutos a ligar Lisboa ao Porto. O secretário de Estado dos Transportes fez questão de explicar que a grande vantagem deste comboio era, para já, a qualidade da viagem, a que se seguiriam progressivas reduções no tempo de percurso à medida que a linha do Norte fosse modernizada.

Mas nessa mesma viagem Guilhermino Rodrigues acabaria por anunciar o erro congénito que fez com que, ainda hoje, 25 anos depois, o Alfa Pendular demore 2 horas e 58 minutos a ligar o Tejo ao Douro: “há alguns investimentos nesta linha que podem não ser necessários tendo em conta o projecto da alta velocidade”.

O “TGV”, como então se dizia, seria anunciado seis dias depois, e, encandeados com o mega projecto que iria ligar Lisboa ao Porto em 1 hora e 15 minutos, os sucessivos governos acabariam a fazer consecutivos downgrades à modernização da linha do Norte. Ao ponto de, 25 anos depois, a linha que é a coluna vertebral da rede ferroviária portuguesa ainda não estar totalmente modernizada e o Alfa só em curtos troços poder circular a 200 km/h.

Ainda assim, nesse distante dia 1 de Julho de 1999, Guilhermino Rodrigues anunciava que, em vez de 2 horas 15 minutos entre Lisboa e Porto, a meta do governo passaria a ser 2 horas e 30 minutos para a viagem do comboio pendular. Mas o melhor que se conseguiu foi 2 horas e 44 minutos a partir de 2007, tendo o tempo de percurso subido a partir de 2019 devido às obras na linha, situando-se hoje, praticamente, em três horas (muitas vezes mais do que isso devido aos afrouxamentos provocados pelos trabalhos na via).

O Alfa Pendular, também conhecido por CPA (Comboio de Pendulação Activa), foi comprado em finais dos anos 90 do século passado pela CP à Fiat Ferroviária (que mais tarde seria adquirida pela Alstom) e é composto por seis carruagens com capacidade para 301 passageiros. A tecnologia de pendulação activa permite que a composição se incline até oito graus, o que é especialmente útil nas curvas porque evita que tenha de reduzir a velocidade. De alguma forma é uma situação idêntica à de uma mota que também se “deita” nas curvas para não ter de travar.

Em 2017 a CP iniciou um processo de “revisão de meia vida” destes comboios, precisamente, para lhes dar uma nova vida, tendo substituído e modernizado vários equipamentos desde a parte mecânica até à pintura exterior.

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