CTT e Quercus assinalaram Dia Mundial do Ambiente com plantação de árvores autóctones

Acção no Parque Natural Sintra-Cascais lança campanha que inclui a possibilidade de “comprar” árvores nos balcões dos CTT, que são depois plantadas em áreas protegidas ou recentemente ardidas.

Foto
“Uma Árvore pela Floresta” promove a plantação e o cuidado de espécies autóctones em zonas protegidas ou áreas recentemente ardidas CTT
Ouça este artigo
00:00
05:34

“Plantar não chega, temos de cuidar. Primeiro, limpem a área. Segundo, coloquem o tubo protector ao redor da planta. Por último, reguem a árvore com o balde”. Estas foram as instruções dadas aos voluntários numa acção de limpeza que decorreu na barragem do Rio da Mula, no Parque Natural Sintra-Cascais, na passada sexta-feira, como parte da campanha “Uma Árvore pela Floresta” promovida pelos CTT e pela organização ambientalistas Quercus.

O projecto, que já vai na sua 11ª edição, promove a plantação e o cuidado de espécies autóctones em zonas protegidas ou áreas recentemente ardidas. Desta vez, a área da barragem do Rio da Mula foi a beneficiária da iniciativa. Todas as espécies autóctones – carvalhos, sobreiros, azinheiras, lódãos, freixos e salgueiros – foram escolhidas com o objectivo de substituir espécies exóticas invasoras, como as acácias – plantas nativas da Austrália – que representam um risco para os ecossistemas naturais do território.

“O município de Cascais tem feito intervenções de forma constante para regular estas espécies, para assim conseguirmos recuperar a floresta nativa. Esta acção com a Quercus e os CTT, portanto, encaixa-se nesta promoção das espécies autóctones. O ideal, por causa das acácias, é fazer uma manutenção deste tipo duas vezes por ano. Para além da vertente de sensibilização e educativa, esta iniciativa ajuda-nos a fazer estes trabalhos de controlo da vegetação”, afirma Mário Rios, chefe da Unidade Técnica Florestal do Município de Cascais.

Todos os voluntários que participaram na limpeza são trabalhadores dos CTT. “Estas iniciativas que são para ajudar os outros são sempre importantes de incentivar. É bom estar aqui, sentirmo-nos úteis e sentir o companheirismo de estar a contribuir para a reflorestação, o cuidar da floresta e da natureza e preparar o terreno para gerações futuras”, diz Carla Cruz, que trabalha na empresa há 30 anos.

Esta edição de “Uma Árvore pela Floresta” junta-se ao Dia Mundial do Meio Ambiente das Nações Unidas, que se celebra a 5 de Junho, sendo que o tema deste ano é a restauração da terra, a luta contra a desertificação e a resiliência à seca. Qualquer pessoa interessada em juntar-se à iniciativa pode comprar um kit, vendido nas lojas ou no site da CTT. Todos os kits vendidos são convertidos em árvores e arbustos autóctones plantados em florestas no país.

“A campanha é lançada nesta época para que as pessoas possam aderir, ‘comprar’ árvores e depois, com o apoio técnico e científico da Quercus, plantar estas espécies no local certo", explica João Bento, CEO dos CTT.

O kit é um saco de pano feito de algodão orgânico, que vem substituir a árvore miniatura em cartão dos anos anteriores, com a imagem de floresta laurissilva, nativa das ilhas da Madeira e dos Açores. A imagem foi escolhida porque nesta edição, pela primeira vez, serão feitas acções de plantação nestas ilhas e no Algarve.

“Eu sei que não é muito comum haver parcerias com 11 anos, mas o projecto tem características muito especiais e inovadoras. O kit muda, mas o espírito das pessoas poderem adquirir o kit, contribuir para plantar uma árvore e inscreverem-se e virem plantar connosco, assim como acompanharem o crescimento e o desenvolvimento das plantações, mantém-se. É muito positivo e é o aspecto mais interessante do projecto”, diz Marcos Bartilotti, representante da direcção da Quercus.

A iniciativa já permitiu plantar mais de 135 mil árvores de espécies autóctones. Alex D’Alva Teixeira, embaixador da campanha, frisa a importância das acções de plantação. “Temos que reconhecer que de facto existe uma emergência climática. Sinto que, como músico, tenho a responsabilidade não só de reflectir o tempo em que vivo, mas também de usar a minha plataforma para chamar a atenção para causas que são importantes. Temos de estar alertas ao meio ambiente, porque coisas que nós tomamos por garantido podem deixar de existir”, afirma o vocalista da banda D’Alva.

“Creio que cuidar do planeta é um acto de amor ao próximo, na medida em que não só estamos a cuidar das nossas famílias e da nossa sociedade, mas também das gerações futuras. Eu estou naquela idade em que todas as pessoas à minha volta estão a ter filhos, portanto, paro para pensar no planeta que vamos deixar para essas pessoas que serão os adultos de amanhã”, diz ainda o músico.

Foto
Os voluntários cuidaram de árvores plantadas em Março deste ano, no âmbito da iniciativa CTT

“Não basta reduzir as emissões carbónicas, é preciso compensar”

A parceria do CTT com a Quercus tem como objectivo “mitigar o impacto carbónico causado pela frota de distribuição e de transportes” da empresa, explica a directora de sustentabilidade dos CTT, Maria Rebelo. “O impacto carbónico é significativo no nosso sector e na nossa empresa, e por isso há mais de uma década temos feito diversas iniciativas para reduzir este impacto”, afirma.

“Não basta reduzir as emissões carbónicas, é preciso compensar. Neste domínio da compensação, esta é a iniciativa mais relevante que temos e convidamos a todos os portugueses que se queiram juntar. O que têm de fazer é ‘comprar’ uma árvore, digamos, cujo crescimento podem acompanhar”, diz, por sua parte, o CEO da CTT.

Do lado da Quercus, a iniciativa surge impulsionada pelo programa de florestação com espécies autóctones “Criar Bosques”, nascida na organização na mesma altura em que a parceria com a CTT. “Muito do nosso trabalho é feito com o espírito de voluntários de todo o lado, incluindo parcerias com a empresas e a sociedade civil, que são um motor", explica Marcos Bartilotti, representante da direcção da Quercus.

O projecto é “importante para a sustentabilidade a vários níveis” para além da promoção da biodiversidade, frisa ainda Marcos Bartilotti. “Por outro lado, o voluntariado espalha a palavra. Faz educação ambiental às pessoas, o que também tem um efeito muito positivo”, afirma.