Pichardo saltou, passou à final e não falou. Mas falaram outros

O campeão olímpico de Tóquio do triplo salto apurou-se com grande facilidade e ficou calado. Mas os seus adversários falaram bastante, tal como Tiago Pereira, que ficou pelo caminho.

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O atleta português Pedro Pichardo, durante a sua eliminatória do Triplo Salto, a contar para os Jogos Olímpicos de Paris, que decorrem entre 26 de julho e 11 de agosto, em Paris, França, 07 de agosto de 2024. HUGO DELGADO/LUSA HUGO DELGADO / LUSA
Pedro Pichardo, campeão olímpico do triplo salto
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Pedro Pichardo, campeão olímpico do triplo salto JOSÉ Sena Goulão / LUSA
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Pedro Pablo Pichardo chegou, saltou uma vez, passou à final e saltou pelos jornalistas. O campeão olímpico do triplo salto tinha acabado de garantir no Stade de France a presença na final do triplo salto dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 à primeira tentativa, com o melhor salto da qualificação, a 17,44m – estava de boné virado ao contrário. E pouco depois de o fazer, abandonou a zona de competição, onde ainda estavam quase todos os outros, e passou acelerado pela zona mista sem querer comentar a sua prestação, avaliar a concorrência ou analisar as suas próprias possibilidades de ter mais uma medalha de ouro.

Em andamento, sem parar, apenas disse “falo na final”, uma final que será nesta sexta-feira. Deixará, então, que os seus saltos falem por si, como acontecera em Tóquio há três anos, onde estava bem acima de toda a concorrência e ficou com o ouro com uma marca a 17,98m. Entretanto, já fez melhor que isso, 18,04m nos Europeus de Roma, mas, nessa competição já houve alguém que fez melhor que ele, o espanhol Jordan Diaz, 18,18m, “apenas” o terceiro melhor salto de todos os tempos.

Diaz é um ex-cubano, tal como Pichardo, mas, ao contrário do português, estava com vontade de falar depois de ter sido um dos quatro a fazer a marca pedida para a qualificação directa – pedia-se 17,10m, ele fez 17,24m. “Bastante bem”, “a pressão que sentia na estreia desapareceu”, foram os chavões do costume, polvilhados com queixas, “estou com problemas desde Fevereiro”, “sem saltar desde Fevereiro, sem treino, nem nada”. E ficou o aviso. “Competi em Roma assim. E fiz 18 metros.”

E chegamos aos rivais, que incluem, acima de todos, Pichardo, cuja animosidade se sente a vários níveis – rivais ibéricos, ambos desertores de Cuba e entre os melhores de sempre. “Vai ser complicado”, disse o espanhol sem se referir ao português. “Todos vão estar a 100% para chegar à medalha. Saltar mais do que no Europeu? Bem, não sei, mas o nível vai ser alto. Não sei o que é que os outros saltaram, eu fiz a minha marca e vim-me embora.

Outro dos que passou ao primeiro salto foi Hughes Fabrice Zango, do Burkina Faso, medalha de bronze em Tóquio, que despachou a qualificação com 17,16m. “Foi bastante bom. Precisava de um salto para avaliar a minha performance, estou bastante contente”, disse o atleta africano, que conquistara em 2021 a primeira medalha olímpica para o seu país. “Esta final vai ser diferente. E a diferença está em mim. Não tem a ver com a competição. Se estiver no meu potencial total, tenho a certeza de que vou vencer. Estou no meu potencial total e vejam a final na sexta.”

Depois do bluff mal disfarçado do espanhol e da confiança do burquinês, ainda ouvimos Jaydon Hibbert, o jamaicano que foi o sexto da qualificação (16,99m). E percebemos que também não estava bem. “É uma bênção estar aqui hoje. O médico só hoje é que me disse que podia estar aqui. Agora, preciso de dois dias para recuperar.” O caribenho sentia-se, então, agradecido.

E é preciso não esquecer que havia outro português nestas qualificações olímpicas do triplo salto, Tiago Pereira, que fez três saltos e não gostou de nenhum – o melhor que fez foi a 16,36m, muito longe do 12.º qualificado, o italiano Andy Hernández (outro ex-cubano), apurado com 16,79m. O português não tinha queixas, mas também não tinha explicações para o que acabara de lhe acontecer.

“Sentia-me rápido e forte, mas há dias em que as coisas não acontecem. Em cada salto, cometi um erro diferente”, disse Pereira, que fora medalha de bronze nos últimos Mundiais de pista coberta. Como ficou de fora da final, o saltador português sentia-se indiferente em relação à final de sexta, onde vai estar Pichardo, Diaz e os outros. “Eu não estou e, na final, que ganhe o melhor.”

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