Suíça vai pagar 53 mil euros a quem tiver as melhores ideias para tirar munições de lagos

Muitos lagos helvéticos serviram, no passado, para armazenar munições. Agora, o Governo suíço está a aceitar propostas para retirar o material bélico sem poluir ou perturbar os ecossistemas lacustres.

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O Brienz é um dos vários lagos suíços onde foram depositadas munições que podem, em algum momento, libertar poluentes ANTHONY ANEX/EPA
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Os lagos profundos da Suíça são conhecidos pela sua beleza digna de um postal e pelas suas águas plácidas e cristalinas. Agora, o Governo revelou que muitos dos lagos do país têm servido como locais de armazenamento de munições, alguns há mais de 100 anos.

Enquanto procura soluções, a agência de compras de defesa do país anunciou um concurso: as três melhores propostas para retirar este material bélico dos lagos partilharão um prémio total no valor de 50.000 francos suíços, o que equivale a cerca de 53.000 euros.

De 1918 a 1964, os suíços depositaram munições em lagos de todo o país, incluindo os lagos Lucerna, Thun e Brienz. Algumas das munições eram excedentes, enquanto outras eram obsoletas, haviam sido rejeitadas ou estavam mesmo em perfeitas condições. Encontram-se a cerca de 150 a 210 metros abaixo da superfície dos lagos, segundo o anúncio do concurso.

O Governo salientou que a monitorização em curso não revelou que as munições submersas estejam a libertar poluentes. Contudo, as autoridades querem estar um passo à frente e, assim, evitar que a poluição dos lagos se torne uma preocupação no futuro.

O objectivo é “envolver cada vez mais o meio académico e a indústria nas considerações sobre a forma de recuperação ecológica e segura de munições em lagos profundos, caso isso se torne um problema”, diz o comunicado.

Limpar sem perturbar o ecossistema

A Suíça tem vindo a realizar análises de água e de sedimentos desde 2006, para garantir que as munições não estão a afectar o delicado ecossistema dos lagos. Há pelo menos 20 anos que o país se debate com a forma de retirar o armamento dos lagos. Todas as propostas partilhadas durante uma avaliação semelhante em 2005 teriam conduzido a um movimento maciço de lamas nos lagos, o que perturbaria o ecossistema lacustre.

As munições estão cobertas “por uma camada de sedimentos finos” com uma espessura de até dois metros, refere o comunicado. A deslocação dos sedimentos poderia levar ao esgotamento do oxigénio, que já é escasso a essa profundidade. Isso prejudicaria os ecossistemas das massas de água doce.

Outras questões relacionadas com a remoção das munições dos seus locais de armazenamento incluem a falta de visibilidade debaixo de água, o risco de explosão, a profundidade da água e o tamanho e peso das munições, algumas das quais vão até 50 quilos.

A variedade de metais utilizados para construir as munições também coloca problemas; algumas são feitas de ferro e são magnéticas, mas outros componentes são feitos de cobre, latão ou alumínio. A agência suíça pediu que todos os participantes tivessem em conta esses aspectos antes de apresentar suas ideias.

Parte das cerca de 4500 toneladas de munições inertes no lago Neuchâtel provém de exercícios de longa duração da força aérea suíça no campo de tiro aéreo de Forel, segundo um estudo de 2004. Esses exercícios foram suspensos na região em 2021.

Outra fonte de material bélico foi uma explosão num depósito de munições no Rotsee, em Outubro de 1916. A explosão “lançou granadas de mão para a área circundante e para o lago”, de acordo com o resumo de outro estudo sobre munições. Mais de 8000 granadas ainda estão na água, enquanto cerca de 1500 já foram recuperadas.

O concurso está a aceitar inscrições até 6 de Fevereiro de 2025 e os vencedores serão anunciados em Abril de 2025. O comunicado refere que as ideias apresentadas pelos vencedores não serão postas em prática imediatamente, mas poderão ser utilizadas para lançar projectos de investigação.

Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post

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