Barco teleguiado com explosivos danifica petroleiro no mar Vermelho
Apesar dos ataques de Israel, os houthis mostram que continuam a ter capacidade de realizar ataques contra navios perto da costa do Iémen.
Um barco teleguiado carregado de explosivos embateu num petroleiro que navegava ao largo da costa do Iémen, um sinal de que os ataques aéreos israelitas não conseguiram dissuadir os militantes houthis de atacar a navegação comercial.
O navio de 275 metros de comprimento foi atingido por uma embarcação sem tripulação 64 milhas náuticas a noroeste da cidade portuária de Hodeidah, controlada pelos rebeldes, disse na rede social X a ligação naval do Reino Unido na região. A explosão perfurou um tanque de lastro que contém água para manter o cargueiro estável quando não tem carga.
Embora as autoridades britânicas não tenham identificado o navio, um especialista em segurança com conhecimento do assunto disse que se tratava do petroleiro Cordelia Moon. Isso seria consistente com os rastos digitais do navio. O navio regressava ao Mediterrâneo depois de transportar gás russo para a Índia.
A base de dados marítima internacional Equasis mostra que o gestor do Cordelia Moon é uma empresa indiana chamada Margao Marine Solutions. Um email enviado para a empresa, o único meio de contacto indicado, não obteve resposta. A sua seguradora não é conhecida, de acordo com uma base de dados mantida pela S&P Global.
O comandante informou a UK Maritime Trade Operations (UKMTO) de que a tripulação está em segurança e que o navio está a dirigir-se para o seu próximo porto de escala.
A UKMTO, que gere as comunicações com a marinha mercante na zona, também relatou um segundo ataque contra outro navio, desta vez 97 milhas náuticas a noroeste de Hodeidah. “O navio sofreu danos. Todos os tripulantes estão a salvo. As autoridades estão a investigar”, afirmou.
A confirmar-se, estes ataques dos rebeldes houthis, do Iémen, são os primeiros contra navios comerciais em semanas. No domingo, os caças israelitas bombardearam um porto marítimo e várias centrais eléctricas no Iémen, de acordo com as Forças Armadas de Israel.
Os houthis, que fazem parte de uma rede de organizações militantes islamistas apoiadas pelo Irão, começaram a atacar a navegação no mar Vermelho no final de 2023, em resposta à guerra de Israel contra o Hamas em Gaza. Os rebeldes persistiram com os seus ataques mesmo depois de os Estados Unidos e os seus aliados terem lançado ataques aéreos para os dissuadir. Muitas empresas de navegação optaram por enviar navios por rotas mais longas para evitar a zona. Os custos dos seguros aumentaram drasticamente.
Os houthis afirmaram estar a atacar navios israelitas e ocidentais em solidariedade com os palestinianos, numa altura em que a guerra em Gaza se aproxima do primeiro aniversário e se receia que se esteja a transformar num conflito regional.
Os ataques ocorrem no momento em que as forças terrestres israelitas entraram no Líbano e que Israel realizou ataques aéreos nos subúrbios do Sul de Beirute, aumentando os riscos de um conflito regional mais vasto. A escalada segue-se a dias de ataques aéreos israelitas que mataram o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e outros altos funcionários.
Na segunda-feira, os houthis ameaçaram com uma “escalada das operações militares” contra Israel.
Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post