Portugal retira primeiros cinco brasileiros do Líbano

Voo da Força Aérea Portuguesa traz de Beirute 41 pessoas, entre elas, cinco brasileiros, todos da mesma família. Eles viviam no Vale de Bekaa.

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Força Aérea Portuguesa retira família de brasileiros do Líbano: Aya, a mãe, os irmãos e o avô Carlos Vasconcelos
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Os primeiros cinco refugiados brasileiros a saírem do Líbano, que está sob bombardeio de Israel, conseguiram escapar com ajuda portuguesa. A família de Aya Moussa Kadoura, 23 anos, chegou na noite desta sexta-feira (04/10) em Lisboa, depois de um voo de nove horas a partir de Beirute, a capital do Líbano, num avião cargueiro C-130 da Força Aérea Portuguesa.

Emocionada, Aya falou dos momentos difíceis vividos nos dias anteriores, com bombas próximo da sua casa, no vale de Bekaa. "Era ouvir o barulho das bombas e imediatamente entrar no Instagram e perguntar para os meus amigos se eles estavam bem, se tinham visto o que tinha acontecido, se sabiam o que tinha sido atingido", relata.

Na semana passada, Joub Jannine, a cidade onde Aya mora, foi atingida por um míssil. "A minha cidade nunca tinha sido atacada antes, mas, na semana passada, foi atingida por um míssil. Foi mirado num prédio, mas isso retirou a nossa segurança completamente. Você já fica sem saber o que vai acontecer. E chegam as pessoas saindo do sul, procurando outras áreas, e você se pergunta: quem é que está entrando na nossa cidade? Será que uma delas é um alvo deles?", questiona.

Ela explicou como se sente. "Tenho medo pelas pessoas que ficaram. Em oito anos num lugar, você constrói uma vida. Tenho família lá, meus tios, minhas primas e, infelizmente, tiveram de ficar. Não podem ser retirados porque só têm a cidadania libanesa, e foi duro dizer tchau para eles, sem saber se essa seria a última vez", afirma.

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Aya Moussa Kadoura chegou ontem à noite em Lisboa Carlos Vasconcelos

A brasileira falou como foi deixar sua casa no Líbano. "Pelo menos saímos com vida. Cada pessoa com malas de 30 quilos. Decidimos levar apenas roupas, mas não consegui. Trouxe alguns álbuns de fotografia, mas deixei a maior parte. Então, comecei a tirar fotos com o telefone", conta.

Paulistana, ela falou sobre a cidade onde morava a partir da zona militar do aeroporto de Lisboa, onde o voo aterrissou. "Eu moro no Líbano há oito anos. Nasci no Brasil e fui para o Líbano com 15 anos de idade. Eu me sentia segura e feliz, tinha uma vida boa no Líbano", acrescenta Aya, estudante universitária que estava no último ano de design gráfico.

Além de Aya, vieram a mãe, Fadileh Waked, 48, os irmãos Ali Kadoura, 8, Lyna Kadoura, 14, e o avô, Barakat Waked, 76. A não ser o avô, todos têm a nacionalidade portuguesa, além da brasileira.

Na chegada, ela agradeceu ao governo português por ter retirado a família e ela da zona de guerra. Contou como foi o processo: "A gente fez contato com a embaixada para nos retirar de lá, mas. no fundo tínhamos a esperança. de que pudéssemos continuar em casa. Tenho esperança de poder voltar para lá um dia, se Deus quiser. Tenho medo de que a nossa casa possa ser destruída".

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