Possível sucessor de Nasrallah incontactável há dois dias após ataque de Israel em Beirute

Hashem Safieddine é primo de Hassan Nasrallah e apontado como seu sucessor. Seria o alvo do mais violento ataque de Israel a Beirute desde o início da guerra.

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Hashem Safieddine durante o funeral de Mohammed Nasser, um elemento do Hezbollah, morto por Israel em Julho REUTERS/Aziz Taher
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Na noite de quinta-feira, Israel bombardeou, tal como vem a acontecer ao longo das últimas duas semanas, os arredores da capital do Líbano. O alvo seria o sucessor de Hassan Nasrallah na liderança do Hezbollah: Hashem Safieddine, que estaria abrigado num esconderijo subterrâneo. Até este sábado, não há qualquer informação por parte das Forças de Defesa de Israel (IDF), nem tão pouco por parte do Hezbollah, sobre o sucesso da missão.

Mas segundo avança a agência Reuters, citando fontes libanesas, Safieddine está incontactável desde sexta-feira. O diário israelita Haaretz vai mais longe e diz mesmo que o mais provável é que Safieddine tenha mesmo morrido, sem, no entanto, avançar com qualquer confirmação oficial. O tenente-coronel israelita Nadav Shoshani disse, na sexta-feira, que os militares ainda estavam a avaliar os ataques aéreos de quinta-feira à noite, que, segundo ele, visaram o quartel-general dos serviços secretos do Hezbollah.

"Na sexta-feira, não era claro se os ataques tinham atingido o alvo: Hashem Safieddine. Dadas as restrições impostas aos jornalistas no meio dos combates, foi difícil avaliar a escala dos danos ou das mortes causadas pelo bombardeamento, descrito como o mais pesado da nova guerra no Líbano, que está a aumentar rapidamente", escreve o New York Times. A Al Jazeera, por sua vez, dá conta da dificuldade que as equipas médicas têm sentido em chegar ao local devido ao grau de destruição provocado pelo ataque israelita e pela constância dos bombardeamentos e dos drones ​operados pelas IDF.

Quem é Safieddine?

De acordo com a Sky News, o primo mais novo de Nasrallah nasceu na aldeia de Deir Qanoun En Nahr, no sul do Líbano, perto de Tiro, em 1960. Enquanto jovem, Safieddine estudou teologia com Nasrallah em duas instituições xiitas — uma em Najaf, no Iraque, e outra em Qom, no Irão. O irmão de Safieddine é o representante do Hezbollah no Irão, enquanto o seu filho é casado com a filha de Qassem Soleimani — o general iraniano morto num ataque de drone dos EUA durante a presidência de Donald Trump em 2020.

Pouco conhecido até ser levantada a possibilidade de suceder a Nasrallah, é o responsável pelos assuntos políticos do grupo. Num evento recente em Dahieh, onde ocorreram os ataques aéreos desta semana, disse em apoio ao Hamas em Gaza: “A nossa história, as nossas armas e os nossos rockets estão convosco”. Falando na cerimónia fúnebre de um dos membros do Hezbollah mortos em Maio, explica a CNN, Safieddine vangloriou-se de que o seu grupo é, apesar de tudo, forte e resistente, dando prioridade — juntamente com os seus aliados iranianos — à causa palestiniana e à necessidade de libertar o povo palestiniano. Os EUA designaram Safieddine como terrorista em 2017. A Arábia Saudita também o classifica como terrorista.

Os ataques israelitas das últimas semanas eliminaram grande parte da chefia militar do Hezbollah, incluindo o secretário-geral Nasrallah, num ataque aéreo em 27 de Setembro. A confirmar-se esta baixa, seria mais um rude golpe no movimento xiita, apoiado pelo Irão. Segundo avança a Reuters, desde que começou a invasão terrestre do Líbano, no início desta semana, as IDF estimam ter já eliminado 250 militantes do Hezbollah.

Por outro lado, segundo avança o jornal The Washington Post, que cita números do Ministério da Saúde do Líbano, e que não faz distinção entre civis e combatentes, pelo menos 2011 pessoas morreram e 9535 ficaram feridas desde o início da guerra de Israel em Gaza, em Outubro passado. A maioria das mortes — mais de 1400 — registou-se nas últimas semanas, com a escalada das hostilidades entre Israel e o Hezbollah.

Israel intensifica ataques no Líbano

O exército Israelita avançou ao início da tarde deste sábado, segundo dá conta a agência Reuters, que matou dois militantes do braço armado do Hamas, que opera no Líbano, nas últimas horas. Muhammad Hussein Ali al-Mahmoud, que, segundo as IDF, desempenhou um cargo de "autoridade executiva" do grupo no Líbano, morreu num ataque aéreo. Alaa Naif Ali, um membro da ala militar do Hamas no Líbano, também foi morto numa operação israelita já neste sábado.

As Brigadas Al-Qassam, braço armado do Hamas, confirmaram as mortes de dois dos seus combatentes após ataques aéreos de Israel no Líbano, mas avançaram nomes diferentes: Mohammed Hussein Al-Louise e Saeed Attallah Ali.