Morreu Alex Salmond, antigo primeiro-ministro da Escócia e defensor da independência

Liderou o governo escocês durante sete anos e foi uma das principais figuras do movimento independentista. Tinha 69 anos.

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Alex Salmond, antigo primeiro-ministro escocês Russell Cheyne / REUTERS
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Alex Salmond, antigo primeiro-ministro da Escócia e figura proeminente do movimento independentista escocês, morreu este sábado, aos 69 anos.

Salmond, que chefiou o governo escocês durante sete anos, a partir de 2007, foi responsável por ajudar a impulsionar o apoio à independência da Escócia do Reino Unido para níveis recorde durante a campanha para o referendo de 2014. Os escoceses, no entanto, votaram 55%-45% a favor da permanência no Reino Unido.

Quando assumiu a direcção do Partido Nacional Escocês (SNP) em 1990, este era um partido menor, mas Salmond conseguiu transformá-lo, a partir de 1999, ano em que as alterações constitucionais no Reino Unido restabeleceram o Parlamento escocês, no maior partido da Escócia e governar com maiorias absolutas com um discurso claramente pró-independência.

Salmond acabou por sair do partido em 2018, na sequência de alegações de agressão sexual, e formou e liderou o partido rival Alba (nome em gaélico para a Escócia), mas com pouco sucesso eleitoral. Seria ilibado de todas as acusações criminais em 2020, na sequência de um julgamento mediático e após seis horas de deliberação pelo júri.

Durante o processo, entrou em conflito com a sua sucessora, Nicola Sturgeon, criticando-a pelas suas políticas e por não o ter defendido das acusações de agressão sexual. Nos últimos anos, Salmond foi alvo de críticas pela sua colaboração com o canal estatal russo RT, que acabou por deixar após a invasão da Ucrânia pela Rússia em Fevereiro de 2022.

Segundo alguns rumores, Salmond estaria a considerar o regresso à política activa com a candidatura pelo Alba às próximas eleições para o parlamento escocês (o Holyrod), marcadas para 2026.

A causa de morte não foi esclarecida de imediato, mas segundo o diário norte-macedónio Sloboden Pecat, Salmond terá sofrido um ataque cardíaco depois de discursar no Hotel Inex Gorica, em Ohrid, na Macedónia do Norte, durante uma conferência internacional. Uma equipa primeiros socorros de Ohrid tentou reanimar o antigo dirigente escocês, mas sem sucesso, refere o mesmo jornal.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, prestou homenagem a Salmond, chamando-lhe uma “figura monumental” da política escocesa e britânica.

“Ele deixa um legado duradouro”, disse Starmer num comunicado. “Como primeiro-ministro da Escócia, preocupou-se profundamente com o património, a história e a cultura escocesa, bem como com as comunidades que representava.”

O ex-primeiro-ministro conservador do Reino Unido, Rishi Sunak, disse que Salmond era uma “grande figura na nossa política”.

“Apesar de discordar dele na questão constitucional, não se pode negar a sua habilidade no debate ou a sua paixão pela política. Que descanse em paz”, escreveu Sunak numa publicação na rede social X.

O actual primeiro-ministro escocês e líder do SNP, John Swinney, disse estar “profundamente chocado e triste” com a “morte prematura” de Salmond. “Alex trabalhou incansavelmente e lutou sem medo pelo país que amava e pela sua independência. Levou o Partido Nacional Escocês da periferia da política escocesa para o governo e conduziu a Escócia para tão perto de se tornar um país independente”, acrescentou.

Anas Sarwar, líder do Partido Trabalhista Escocês, afirmou ao jornal Guardian que “a triste notícia do falecimento de Alex Salmond é um choque para todos os que o conheciam na Escócia, em todo o Reino Unido, e não só”.

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