Braga 2025 traz Maria João Pires, Tiago Rodrigues e uma exposição de Kim Gordon

Braga será Capital Portuguesa da Cultura em 2025 e o programa para já conhecido cruzará a criação artística nacional e internacional, não esquecendo a comunidade local.

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Braga segue-se a Aveiro como Capital Portuguesa da Cultura em 2025 (na foto, Theatro Circo) Nelson Garrido
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Será no cruzamento entre a criação artística nacional e internacional, e no seu encontro com a comunidade local, que se definirá o programa de Braga enquanto Capital Portuguesa da Cultura em 2025. É uma programação multidisciplinar, numa contaminação entre disciplinas que vão da música ao teatro e da arquitectura à dança, destacando-se a presença de nomes como Maria João Pires, Tiago Rodrigues, Marco Martins, Mariza, Francisco Camacho, Daniel Blaufuks ou Matthew Herbert. A cantora, compositora e guitarrista norte-americana Kim Gordon (com carreira entre 1981 e 2011 nos Sonic Youth), terá patente uma exposição retrospectiva do seu trabalho enquanto artista audiovisual.

O programa recupera o processo de candidatura de Braga a Capital Europeia da Cultura 2027, cuja corrida, juntamente com as outras duas cidades finalistas Aveiro e Ponta Delgada, perdeu para Évora, apresentando, para já, 18 iniciativas, divididas entre concertos, espectáculos de teatro e de dança, exposições, cine-concertos, festivais e co-criações com a comunidade local. O eixo programático, parte dele conhecido nesta sexta-feira, estará concentrado sobretudo nos principais espaços culturais da cidade, o Theatro Circo e o gnration, mas alastrar-se-á a outros locais da cidade.

No programa dedicado à música, a Braga 25 – desígnio atribuído à programação – convoca nomes conceituados da música nacional. Um deles é o da pianista Maria João Pires, que actuará pela primeira vez em Braga, no Theatro Circo, em mais de 60 anos de carreira. Marcarão também presença a fadista Mariza, que apresentará um espectáculo inédito no âmbito do evento, e ainda o cantautor B Fachada.

Ainda na música, Braga receberá o colectivo Bang on a Can All-Stars, que apresentará um programa dedicado ao visionário compositor japonês Ryuichi Sakamoto, falecido em 2023, numa peça em torno de 1996, um dos seus álbuns mais emblemáticos. Também as obras dos compositores Philip Glass e de John Luther Adams serão revisitadas, no Theatro Circo, pela Orquestra do Algarve.

As instalações de Kim Gordon

No teatro, o programa tem reservada a apresentação de criações de Tiago Rodrigues e Marco Martins. O director do Festival de Avignon levará a palco No Yogurt for the Dead, uma peça que estreará em Lisboa, entre 19 e 23 de Fevereiro, e cuja segunda data está reservada para Braga, a 27 e 28 do mesmo mês. Já o realizador e encenador Marco Martins apresentará, no final de 2025, uma peça original, resultado de uma encomenda da Braga 25.

No domínio da dança, o programa também convoca alguns dos nomes mais influentes do panorama nacional: o coreógrafo e bailarino Francisco Camacho junta-se a Meg Stuart, bailarina e coreógrafa norte-americana com quem muito tem colaborado ao longo das últimas três décadas. A Companhia Nacional de Bailado marcará igualmente presença, apresentando um programa onde reúne peças de Hofesh Shechter, Vasco Wellenkamp e Ohad Naharin.

No programa expositivo, o principal destaque está em Object of Projection, uma retrospectiva do trabalho de Kim Gordon enquanto artista audiovisual. A histórica baixista, guitarrista e vocalista dos Sonic Youth, que a 11 de Novembro actua em Lisboa em nome próprio, apresentará em Braga uma série de instalações performáticas em vídeo.

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Kim Gordon no Primavera Sound, Porto. A Braga traz Object of Projection, uma retrospectiva do seu trabalho enquanto artista audiovisual Tiago Lopes

O artista Paulo Mendes também marcará presença ao assinar a curadoria de Somos Todos Capitães - 50 anos em Liberdade, uma exposição transdisciplinar sobre os 50 anos do 25 de Abril. Será uma das exposições a ocupar vários espaços da cidade, desde o Museu Nogueira da Silva ao Regimento de Cavalaria 6.

Sobre as questões de género e a comunidade LGBTIA+, a artista transfeminista Hilda de Paulo vai apresentar uma exposição a partir de recolhas de arquivos da cidade. Será uma de cinco artistas a exporem dentro de um quiosque desactivado no centro da cidade.

O programa tem ainda previsto o encontro entre Matthew Herbert, conhecido músico, produtor e explorador sonoro, e o artista português Daniel Blaufuks. O músico britânico vai criar uma banda sonora para Naquele Dia em Lisboa, filme da autoria de Blaufuks.

Aposta na relação com a comunidade

O vasto programa da Braga 25 tem uma larga parcela dedicada ao encontro com a comunidade local.

O arquitecto espanhol Manuel Bouzas, anunciado recentemente como co-curador da representação de Espanha na próxima Bienal de Arquitectura de Veneza, irá conceber uma intervenção arquitectónica para o bairro das Fontainhas. Já o escritor angolano Ondjaki vai ser o mentor para um grupo de jovens portugueses e afrodescendentes na escrita de textos a partir das suas reflexões sobre o colonialismo. As redacções serão o guia de peças de teatro que serão apresentadas em Novembro de 2025.

Entre as criações comunitárias, destaca-se também a performance concebida por Alisson Orr. Os intérpretes da criação da coreógrafa norte-americana serão os trabalhadores da Agere, empresa municipal de águas, efluentes e resíduos. Por seu turno, a coreógrafa Filipa Francisco vai dedicar-se a uma nova criação ancorada no património bracarense, a que se juntarão grupos de folclore locais.

Já o artista brasileiro Gustavo Ciríaco irá desenvolver um projecto de criação com a comunidade do bairro do Fujacal, enquanto o grupo de cantares de Mulheres do Minho e o Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga unirão forças para um espectáculo inédito e que integrará o dia de abertura da Braga 25.

A programação também estabelecerá diálogo com as restantes cidades de maior expressão do Minho. O festival de música Square decorrerá em Braga, Guimarães, Barcelos e Famalicão, e convocará bandas locais e nacionais, como Maria Reis, e nomes internacionais emergentes. Tem data marcada para Janeiro. Para Julho, está reservado o festival Extremo, que prevê um conjunto de concertos de música electrónica, performances e instalações ao longo do monte da Falperra, que serve de fronteira entre Braga e Guimarães. No programa dedicado às oficinas, o ilustrador Júlio Dolbeth fará parceria com a associação cultural bracarense Ida e Volta, numa oficina dedicada à produção de cabeçudos.

A figura da Capital Portuguesa da Cultura foi criada pelo Ministério da Cultura em Dezembro de 2022, no dia do anúncio de Évora como Capital Europeia da Cultura 2027. Neste ano é Aveiro quem detém o título e em 2026 será Ponta Delgada.

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