Resultado da “discussão pública” sobre o futuro do Aleixo anunciado nesta semana

Município do Porto recebeu 25 contributos. Autarquia tem sido criticada por optar um modelo de ocupação semelhante ao que serviu de pretexto para a demolição do bairro de habitação social.

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O espaço deixado vago pela demolição das torres do Aleixo será ocupado por vários edifícios. Nenhum será de habitação social. Tiago Bernardo Lopes
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É mais um passo para o desenho do criticado futuro dos terrenos do antigo Aleixo. A Câmara Municipal do Porto (CMP) vai publicitar esta semana o relatório da “discussão pública” que abriu entre Julho e Agosto deste ano, um período de 20 dias úteis durante o qual deram entrada na autarquia 25 contributos.

Os temas alvo do maior número de intervenções estão em linha com as críticas que tinham já vindo a público, proferidas pela oposição camarária, por moradores da zona ou por arquitectos. A rede viária, o estacionamento e o previsível aumento do volume de tráfego que por ali vai passar são alguns dos principais temas apontados, responde a CMP, ao PÚBLICO.

Sem surpresa, também a tipologia de ocupação e a volumetria do edificado estiveram no foco das participações. Alguns dos principais reparos que já tinham vindo a público prendem-se com esta questão: a tipologia do antigo Bairro do Aleixo foi parte do argumento para a demolição das cinco torres de habitação social.

Agora, com o desenho da Unidade Operativa de Planeamento e Gestão (UOPG) do Aleixo, a autarquia prevê a construção de vários edifícios, mas não de habitação social. Entre estes prédios há outras cinco torres: três com 12 pisos, uma com 14 e outra com 21.

Em Julho, num debate sobre a proposta da câmara, o arquitecto Alexandre Alves Costa, que co-assinou o projecto das cinco torres com 13 pisos cada que viriam a ser demolidas entre 2011 e 2019, considerava o plano "um conceito de cidade absolutamente lamentável”. É um desenho “claramente modernista, separado da cidade” e que segue um modelo “criticado há 50 anos”, acrescentou.

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Para já, não fica claro se a autarquia vai alterar alguns dos aspectos mais criticados na "discussão pública". A CMP refere ainda que, num momento que a operação de loteamento e dos projectos de obras de urbanização está em curso, decorrem também outros trabalhos como “estudos de tráfego, análises hidrológicas e de solo”.

O que quer que venha a ser o futuro do Aleixo, ainda terá de esperar. Depois de concluídos os “projectos relativos à operação de loteamento e obras de urbanização, do respectivo licenciamento e da assinatura de contrato de urbanização, segue-se a concretização das obras de urbanização onde se inclui o parque verde” que a autarquia considera ser o “elemento central desta proposta”, responde a CMP.

Também este anúncio de “oferta de parque verde” à cidade tem sido encarado com cepticismo, uma vez que as características físicas dos terrenos do antigo Bairro do Aleixo (um vale cuja área mais próxima do Rio Douro fica em zona inundável) limitariam à partida a construção.

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