A política das catástrofes

A ideia de que o mundo se tornou integralmente disponível, dominável pela ciência, pela técnica e pela geoengenharia é uma bela ideia negada em Valência.

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Membros da Guarda Civil em operação de busca pelos sobreviventes e corpos das cheias em Valência Biel Alino/EPA
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A hostilidade com que a população da zona de catástrofe recebeu o rei de Espanha e o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, entoando palavras de ordem que equivalem à mais grave acusação criminal – “Assassinos, assassinos, fora daqui!” – revela com evidência que aquela “catástrofe natural” é vista e sentida também como uma “catástrofe humana”. Esta equivalência entre catástrofes naturais e catástrofes humanas, no nosso tempo, já mereceu algumas reflexões teóricas importantes (por exemplo, a do filósofo francês Jean-Luc Nancy, num pequeno livro de 2012 que aponta no título que na sua origem está o desastre de Fukushima).

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