Amnistia Internacional defende chumbo da candidatura da Arábia Saudita ao Mundial de 2034

Em causa está a violação dos direitos humanos nas candidaturas aos mundiais de 2030, por Portugal, Espanha e Marrocos, e 2034, pela Arábia Saudita.

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Amnistia Internacional defende chumbo da candidatura da Arábia Saudita por desrespeito dos direitos humanos Adriano Miranda
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A Amnistia Internacional (AI) e a Sport & Rights Alliance (SRA) apontam falhas no cumprimento dos direitos humanos em relação às candidaturas apresentadas aos campeonatos do mundo de futebol masculino de 2030 e 2034 (o primeiro em Portugal, Espanha e Marrocos; o segundo na Arábia Saudita). As organizações defendem o chumbo da candidatura da Arábia Saudita ao Mundial de 2034 enquanto não existir uma reforma no país e apelam a uma maior valorização destes direitos na candidatura de Portugal, Espanha e Marrocos ao campeonato agendado para 2030.

No próximo dia 11 de Dezembro, a FIFA vai reunir-se num congresso extraordinário para decidir a atribuição das organizações dos dois campeonatos e, antes dessa votação, vai publicar uma avaliação relativamente aos direitos humanos nas duas candidaturas.

A candidatura da Federação de Futebol da Arábia Saudita depende de uma reestruturação das suas infra-estruturas, que, por sua vez, "dependerão de uma enorme mão-de-obra imigrante", refere a AI num relatório publicado esta segunda-feira, 11 de Novembro. Nesta candidatura está prevista a construção ou remodelação de 11 novos estádios e ligações de transportes a outras novas cidades.

No mesmo relatório é defendido ainda que o facto de os trabalhadores migrantes na Arábia Saudita não terem direito a um salário mínimo, a existência de discriminação em relação às mulheres e a repressão da liberdade de expressão são alguns exemplos que inquietam a AI. “Não há compromissos para reformar o sistema explorador do país, estabelecer um salário mínimo para os não-cidadãos, permitir-lhes aderir a sindicatos ou introduzir novas medidas para evitar a morte de trabalhadores”, expôs Steve Cockburn, director dos Direitos Laborais e do Desporto da AI.

Também a candidatura conjunta de Portugal, Espanha e Marrocos para acolher o Mundial de 2030 deixa alguma apreensão entre as duas organizações. Está prevista a construção de um estádio em Casablanca, Marrocos, com 115 mil lugares, e a realização de jogos em 20 estádios de 17 cidades dos três países anfitriões, além de três jogos que irão ser realizados no Uruguai, Paraguai e na Argentina.

A AI e a SRA alertam para as fragilidades que são sentidas nos três países relativamente aos direitos laborais e aos riscos acrescidos na mão-de-obra imigrante, mas "os riscos para os trabalhadores da construção podem ser mais elevados em Marrocos", tendo em conta que há uma "presença contínua de trabalho infantil", considera a AI.

As crises sentidas em Portugal e Espanha no âmbito do sector da habitação são também questões que se levantam na discussão da AI sobre esta candidatura conjunta, uma vez que o problema se pode intensificar com um "grande afluxo de visitantes" nos dois países durante a organização do evento.

Texto editado por Ana Maria Henriques

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