Bordalo II junta-se ao Climáximo no protesto deste sábado: “Parar Enquanto Podemos”

Movimento climático convocou uma manifestação para este sábado, em Lisboa, contra a inacção dos governos para travar as alterações climáticas. O “grito de resistência” coincide com o fim da COP29.

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Climáximo convida toda a sociedade civil a fazer parte da manifestação do próximo dia 23 de Novembro Nuno Ferreira Santos
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"As alterações climáticas são reais e temos de parar enquanto podemos", escreve Bordalo II, activista e artista, no Instagram. Conhecido pelas suas esculturas feitas de lixo e desperdício, o artista uniu-se com o movimento Climáximo contra a "cumplicidade dos Governos e empresas de combustíveis fósseis na intensificação da crise climática", como se pode ler em nota de imprensa.

Oficialmente, o último dia de negociações da Cimeira do Clima das Nações Unidas (COP29), a realizar-se em Bacu, no Azerbaijão, é esta sexta-feira, mas as negociações cobre o texto final a aprovar devem arrastar-se até este sábado, como é habitual. É também para sábado, que a Climáximo convocou uma manifestação na Praça Paiva Couceiro, em Lisboa, com início às 15h. "Parar enquanto podemos" é o mote da mobilização que convida toda a sociedade civil a participar.

Em comunicado de imprensa, o movimento recorda as cheias em Valência, em Espanha, como um exemplo do impacto das alterações climáticas. "Este sábado, não será apenas mais um dia normal em que fazemos as nossas vidas como se não estivéssemos perante a maior ameaça que a humanidade alguma vez enfrentou. Recusamo-nos a assistir passivamente enquanto Governos e empresas perpetuam ataques contra as nossas vidas, como vimos nas cheias devastadoras em Valência que mataram mais de 200 pessoas, ou no Sudão, onde 350 mil pessoas ficaram sem casa", escreve Inês Teles em nota de imprensa.

Segundo a porta-voz do colectivo, Inês Teles, a COP29 não teve eco na opinião pública portuguesa, nem nas acções do Governo. "A banalização do colapso é total, enquanto Governos e empresas fósseis têm carta-branca para expandir o seu arsenal de bombas de carbono, perpetuando ataques numa guerra contra a humanidade e o planeta", acusa a porta-voz.

"Nas últimas semanas, vimos novamente a COP servir de palco a promessas vazias e a greenwashing descarado. Este é o retrato de um sistema político capturado pela indústria fóssil, que sacrifica vidas humanas e devasta territórios para proteger lucros privados", acrescenta.

"Climate Hacktion"

Num vídeo publicado há cerca de 12 horas no Instagram do artista, no que Bordalo II chama "Climate Hacktion" (um jogo de palavras entre acção e hacking, que significa pirataria) vemos duas pessoas a entrar dentro do sistema electrónico de um painel para passar vídeos de tempestades, incêndios, inundações e outros fenómenos extremos que têm vindo a acontecer nos últimos anos devido à intensificação das alterações climáticas.

"É tempo de nos unirmos e exigirmos mais dos nossos políticos e das organizações internacionais - reuniões onde se fazem promessas que não são para cumprir e orçamentos de estado que desprezam esta questão não são solução. Queremos mais", escreve Bordalo II na sua publicação. "Recorrendo a grandes montras luminosas que invadiram a cidade, trocámos a publicidade duvidosa por imagens verdadeiras de uma realidade que nos devia assustar a todos e mobilizar-nos para a acção", acrescenta.

No dia 23 de Novembro, o movimento climático vai começar a manifestação na Praça Paiva Couceiro, em Lisboa, prosseguindo até à Praça do Chile, onde culminará um bloqueio para "interromper a normalidade catastrófica". Durante o trajecto, os manifestantes vão interpelar a comunidade local, chamando a atenção para a urgência de agir colectivamente.

O movimento Climáximo reforça que esta acção é mais do que um protesto: é um grito de resistência. "A COP29 pode fechar com aplausos nas salas de negociações, mas nas ruas de Lisboa e do mundo real, sabemos que eles não nos vão salvar e que temos de ser nós, as pessoas comuns, a construir um mundo com justiça climática e social pelas nossas próprias mãos. As condições que permitem a vida na Terra estão a ser destruídas, e os responsáveis têm nome. Este é o momento de agir: temos de parar a máquina de destruição da indústria fóssil enquanto podemos", conclui Inês Teles.