Na nova Administração Trump, discute-se a possível invasão do México

Vários membros do próximo Governo dos Estados Unidos, da Defesa ao Tesouro, já apoiaram publicamente uma intervenção militar para combater as redes de narcotráfico mexicanas.

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Donald Trump volta à Casa Branca em Janeiro de 2025 Brian Snyder / REUTERS
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Entre a futura Administração de Donald Trump, recém-eleito Presidente dos Estados Unidos, está a ganhar terreno o debate sobre um possível ataque ou invasão de território mexicano durante os próximos anos, como parte de uma designada “guerra aos cartéis de droga”.

“Até que ponto devemos invadir o México?”, é a questão deixada por um dos dirigentes políticos do próximo Governo dos Estados Unidos, que tomará posse daqui a menos de dois meses, em Janeiro, segundo cita a revista norte-americana Rolling Stone.

De nomes menos conhecidos do Congresso às escolhas para o gabinete de Donald Trump, foram muitos os republicanos que nos últimos anos tornaram públicas as suas opiniões sobre como combater o narcotráfico nos Estados Unidos, apontando culpas aos cartéis mexicanos.

Marco Rubio, por exemplo, que em breve ocupará o cargo de secretário de Estado, já defendeu o envio de tropas norte-americanas para combater narcotraficantes no México, desde que essa intervenção militar fosse feita com a colaboração do Governo mexicano, mas também das forças de segurança e das forças armadas do país vizinho.

“Se for necessária intervenção militar, é isso que poderá vir a acontecer”, disse no ano passado o próximo chefe do Pentágono, Pete Hegseth. “Obviamente, vamos ter de ser inteligentes, com ataques de precisão. Mas se, pelo menos para começar, instalarmos o medo na cabeça dos barões da droga, a forma como actuam mudará. Se combinarmos isso com uma verdadeira segurança fronteiriça... Temos uma oportunidade.”

Também o próximo secretário do Tesouro, o multimilionário Scott Bessent; o nomeado por Trump para conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz; ou Tom Homan, que será o responsável pelo controlo das fronteiras norte-americanas, apoiaram publicamente propostas semelhantes.

Neste momento, de acordo com um assessor de Trump citado pela Rolling Stone, é “pouco claro até onde o Presidente irá” no combate aos cartéis mexicanos. “Se as coisas não mudarem, ele ainda acredita que é necessário empreender algum tipo de acção militar contra estes assassinos”, disse a mesma fonte, sob anonimato.

A Rolling Stone adianta ter ouvido seis republicanos que já conversaram com o futuro Presidente sobre aquilo a que chamam uma “invasão em pequena escala” do México. Uma outra fonte próxima de Trump, que fala também sob anonimato, indica que a acção militar passaria pela mobilização das forças especiais norte-americanas para missões secretas, cujo objectivo principal seria a morte de líderes de cartéis de droga.

A discussão sobre uma possível invasão do México não é novidade, mas se antes esse plano soava delirante, parece agora ganhar força. Tanto durante como após o seu primeiro mandato presidencial, Trump já tinha sugerido recorrer a artilharia pesada para “destruir os laboratórios de droga” no México, segundo o seu antigo secretário da Defesa Mark Esper. Terá também proposto que os Estados Unidos pudessem cumprir essa missão em segredo.

Em cima da mesa podem estar, neste momento, ataques aéreos e com recurso a drones a infra-estruturas dos cartéis, o destacamento de forças especiais para território mexicano, uma guerra cibernética contra as redes de tráfico de droga ou o envio de militares norte-americanos para uma série de rusgas e raptos de dirigentes destas redes.

Em conversas tidas à porta fechada com alguns dos seus aliados mais próximos e congressistas republicanos, Trump terá assumido, ainda este ano, que pretendia alertar o Governo mexicano para que tomasse medidas contra a entrada de fentanil e outros opióides nos Estados Unidos (se fosse reeleito Presidente, como aconteceu). Caso contrário, admitia recorrer às forças armadas.

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