A perda das duas culturas

Voltem para a cultura dos insultos nos comentários, a acreditar que os haitianos comem os cães e gatos de companhia. Está visto que tudo isto não impede ninguém de ganhar uma eleição.

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Este ano já fiz mais de cento e dez intervenções, inaugurações, debates, conferências, visitas guiadas, desde Monforte à Barragem de Picote, o que não é vida que se recomende a ninguém. É certo que é um ano especial, por causa do aniversário do 25 de Abril, mas, mesmo depois da data, continua, continua, continua. Há uma vantagem, talvez possa falar com algum conhecimento de causa sobre o que se está a perder, porque muitas dessas andanças foram conversas em escolas do ensino secundário onde contactei com milhares de alunos. Sim, milhares, em escolas de zonas pobres a colégios da elite, o que faz enorme e evidente diferença. Parte da conversa com este público, provavelmente o mais difícil de todos, foram perguntas minhas, por curiosidade e para saber o terreno que pisava. E, se já não tinha muita esperança de que soubessem quem era Aquiles ou Minerva, ainda não tinha a noção de que muitos não sabiam quem são Adão e Eva, e quando os nomes lhes diziam alguma coisa era como “os primeiros seres humanos”.

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