Brincar é coisa de crianças. Começamos a ouvir esta ideia quando ainda temos peluches espalhados pelo quarto e aquela boneca, que vestimos e despimos vezes sem conta, parece continuar a chamar por nós ou os carrinhos alinhados parecem prontos para mais uma corrida. Mas, ainda mal chegada a adolescência, começamos a escutar a ladainha de que "já não somos crianças". O que, traduzido, significa que perdemos o direito a brincar. Depois, um dia, somos nós os adultos a controlar a brincadeira das crianças. Mas não é obrigatório que assim seja: brincar faz bem à saúde, física e mental; brincar faz de nós pessoas mais felizes; brincar é um antídoto para as preocupações e o stress em tempos desafiantes. E brincar com os nossos filhos faz com que eles também se sintam mais felizes.
A quarta edição do inquérito da Ikea Play Report concluiu mais de metade dos pais passam hoje mais tempo a brincar com as suas crianças, em comparação com a realidade passada. Ainda assim, o tempo, ou a falta dele, continua a ser um problema. "Os pais precisavam de mais tempo para poder brincar com os filhos, o que não acontece porque têm de trabalhar para sobreviver", disse o investigador em Motricidade Humana Carlos Neto à Sara Lima Sousa, que nos dá conta da importância de brincar na infância e pela vida fora.
O que parece certo é que, seja a brincar ou em outra qualquer actividade, rodearmo-nos das pessoas de quem gostamos pode dar-nos anos de vida. É pelo menos essa a certeza do brasileiro João Marinho Neto, que, aos 112 anos e 52 dias, se tornou o homem vivo mais velho do mundo.
Longevidade é algo de que se pode orgulhar a Topázio, que, para celebrar os seus 150 anos, convidou 15 artistas a pensar o futuro da marca histórica da ourivesaria portuguesa, com a certeza de que "não podemos ficar no passado", como referiu o curador Toni Grilo a Inês Duarte Freitas. O resultado pode ser visto no Museu do Design (Mude), em Lisboa, até 5 de Janeiro.
Mas não são precisos 150 anos para se fazer história. A Mishmash nasceu há menos de uma década, pelas mãos da designer portuense Beatriz Barros, mas já chegou a mais de 100 pontos de venda em todo o mundo, e os seus cadernos podem ser vistos em espaços como o Guggenheim de Nova Iorque, o Barbican Centre em Londres ou o Museu de Arte de Honolulu, no Havai. Sinal de que uma pequena ideia se pode transformar num grande projecto, que, depois de ter atraído o investimento da empresa suíça Pagani Pens, ainda tem muito por onde crescer.
E, a brincar a brincar, terminamos com uma lição sobre o tempo, que resultou de uma brincadeira que na verdade era um trabalho (de escola). Há 26 anos, a pequena Makenzie enviou uma mensagem numa garrafa, que foi descoberta agora e foi logo dar à sua antiga escola. Era uma carta sobre a importância da água.
O que foi, na altura, uma brincadeira revelou-se agora "um tesouro" para ela, já adulta, o antigo professor e para os actuais pequenos alunos da escola. Há brincadeiras que são lições para a vida. Temos mesmo de brincar mais.