FC Porto estanca “sangramento” com triunfo – mas “Tribunal do Dragão” fez-se ouvir

Assobios castigaram jogadas com decisões menos acertadas e lances de perigo do adversário. Portistas conseguem colocar fim a série de quatro jogos sem vitórias.

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Vítor Bruno enérgico durante toda a partida JOSÉ COELHO / LUSA
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No antigo Estádio das Antas, dava-se o nome de "tribunal" ao julgamento feito pelos adeptos portistas mais fervorosos a jogadores e treinadores da própria equipa. A sentença surgia na forma de assobios e cânticos de revolta, uma "terapia de choque" usada para injectar motivação. Em alguns dos casos, o desentendimento era resolvido de forma amigável e a desavença desaguava em reconciliação. Nos restantes, o divórcio definitivo entre clube e réu era o desfecho final.

Foi algo do tipo que se viveu esta segunda-feira no Estádio do Dragão. A vitória não foi ainda suficiente para calar os críticos, mas colocou pelo menos em pausa o clima de forte contestação vivido no Dragão nas últimas semanas. Em dia de aniversário do treinador, Vítor Bruno voltou novamente às vitórias, encurtando para três pontos a distância para o Sporting, líder do campeonato.

Há praticamente um mês que o Estádio do Dragão não acolhia um jogo caseiro do FC Porto. A 3 de Novembro, a equipa de Vítor Bruno conquistava a nona vitória em dez jogos no campeonato – um dos melhores arranques de sempre no clube. Desde aí, os portistas somaram três derrotas e um empate em quatro jogos, série negativa que incluiu uma eliminação da Taça de Portugal frente ao Moreirense e uma pesada derrota frente ao Benfica na Luz por 4-1.

Era evidente desde o pontapé inicial que o público estava frustrado com a equipa. A cada atraso desnecessário para Diogo Costa faziam-se ouvir os assobios, sinal de agastamento que se repetia sempre que o Casa Pia conseguia chegar com perigo à área portista.

Na linha junto ao banco de suplentes, Vítor Bruno foi sinónimo da hiperactividade, percorrendo quilómetros em pequenas caminhadas que seguiam o sentido de jogo. Gesticulava frequentemente para dentro de campo, pedindo aos apanha-bolas que colocassem rapidamente o esférico nos jogadores portistas para apanharem a defensiva do Casa Pia desprevenida.

Na bancada destinada aos Super Dragões, mantiveram-se algumas marcas de divisão. A mais notória foi o surgimento de uma pequena tarja em que se lia “curva PC” durante a entrada das equipas, uma manifestação de apoio ao ex-presidente portista, Jorge Nuno Pinto da Costa, derrotado por André Villas-Boas nas eleições de Abril. Mesmo com algumas feridas abertas, o apoio fez-se sentir durante os 90 minutos, com o interesse comum a sobrepor-se aos desentendimentos que extravasam as quatro linhas.

No final, jogadores e equipa técnica fizeram a tradicional volta ao estádio, recolhendo aplausos dos adeptos. Uma reconciliação que começa a ser desenhada e será ditada pelos desempenhos futuros.

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