Novos empréstimos à habitação atingem recorde, mas taxa de juro média desce pouco
Renegociações de crédito à habitação subiram 100 milhões de euros, para 535 milhões, em Outubro, segundo os últimos dados do Banco de Portugal.
O montante dos novos contratos de crédito a particulares, o que inclui empréstimos à habitação e ao consumo, aumentou 217 milhões de euros em Outubro, para 2497 milhões. A maior fatia deste crédito destinou-se à compra de habitação, segmento onde se verificou um crescimento de 131 milhões, para 1676 milhões de euros, que corresponde ao valor mais elevado da série histórica, iniciada em Dezembro de 2014, revelou nesta quarta-feira o Banco de Portugal (BdP).
O supervisor bancário avança que, para aquela evolução, “contribuiu o crédito concedido a mutuários com menos de 35 anos, que representou 48% do montante de novos contratos para habitação própria permanente concedidos em Outubro”. Esta percentagem já foi superior em meses anteriores, como em Agosto, quando atingiu 54%, um crescimento associado à entrada em vigor nesse mês das isenções do imposto de selo e do IMT (imposto municipal sobre transacções de imóveis) para cidadãos até aos 35 anos.
Contudo, o elevado montante concedido a este grupo etário acontece antes de ser operacionalizada a garantia pública, medida lançada pelo actual Governo, que pretende apoiar jovens até aos 35 anos a adquirir habitação. Esta medida, que deveria estar operacional no Verão, tem sofrido sucessivos atrasos, devendo arrancar este mês, ou, o mais provável, apenas a partir de Janeiro de 2025.
A taxa de juro média dos novos contratos à habitação de crédito à habitação diminuiu ligeiramente (0,08 pontos percentuais), fixando-se em 3,29%. Nos contratos renegociados, a taxa de juro média desceu um pouco mais (0,15 pontos percentuais), mas esta taxa encontra-se bem mais alta, em 3,73%. No conjunto dos dois tipos de contratos, novos e renegociações, a taxa média caiu de 3,48%, em Setembro, para 3,39% em Outubro (o valor mais baixo desde Janeiro de 2023). “Esta taxa está a diminuir há 12 meses consecutivos”, avança o BdP.
Ainda segundo a informação do regulador, a taxa de juro média das novas operações de empréstimos à habitação do conjunto dos países da área do euro diminuiu 0,10 pontos percentuais, para 3,50%, tendo Portugal apresentado a sétima taxa de juro média mais baixa.
Para além do novo crédito, também as renegociações aumentaram em Outubro. Foram mais 104 milhões de euros, para 572 milhões, praticamente apenas no segmento de crédito à habitação, onde se verificou um aumento de 100 milhões de euros, para 535 milhões.
A soma dos novos empréstimos propriamente ditos (à habitação e ao consumo) e os renegociados (nos dois segmentos), que o BdP engloba nas novas operações aos particulares, ascende a 3070 milhões de euros no mês em análise, mais 323 milhões do que em Setembro.
Taxa mista supera 30% do stock
Já não é novidade, mas a percentagem de crédito à habitação concedido a taxa mista continua a representar perto de 80% do total, apesar da forte descida das taxas Euribor. Em Outubro, 77% dos novos empréstimos à habitação foram contratados a taxa mista (com um período inicial de taxa fixa, passando depois a variável, ou associada às Euribor), uma descida de um ponto percentual face a Setembro.
Na carteira total de crédito à habitação, o peso dos contratos a taxa mista subiu para 30,6%, o mais elevado de sempre, depois de 29,24% em Setembro.
A taxa de juro média das novas operações (inclui créditos novos e renegociações) a taxa mista foi de 3,13% em Outubro, menos 0,08 pontos percentuais do que em Setembro. Este valor fica consideravelmente abaixo das novas operações a taxa totalmente fixa e taxa variável, que se situaram em 3,65% e 4,14%, respectivamente.
Ainda no crédito concedido a particulares, o montante dos novos contratos nas finalidades de consumo e outros fins cresceu 49 e 38 milhões de euros, para 585 e 237 milhões de euros, respectivamente.
Neste segmento, a taxa de juro média de novas operações de crédito ao consumo desceu ligeiramente, de 8,99%, em Setembro, para 8,91% em Outubro. Para outros fins desceu um pouco mais, 0,20 pontos percentuais, para 4,33%.