“Perde-se credibilidade”. Marcelo diz que uso de fogo por bombeiros na manifestação “não prestigia”

O Presidente da República considera que a forma que os bombeiros sapadores escolheram para se manifestarem foi infeliz e prejudica a “credibilidade” da instituição.

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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, discorda da forma como os bombeiros sapadores se manifestaram, mas diz também que "há um problema de estatuto que tem de ser resolvido", FILIPE AMORIM / LUSA
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Marcelo Rebelo de Sousa considera que a manifestação dos bombeiros sapadores, que levou à interrupção de uma reunião entre o Governo e os sindicatos, prejudicou a "credibilidade" dos bombeiros enquanto instituição, ao usarem tochas e petardos. Não obstante, o Presidente da República considera "fundamental" resolver "o problema de estatuto", que se prolonga há muitos anos, depois de esta terça-feira o Governo ter suspendido as negociações com os representantes dos bombeiros.

À chegada à redacção do PÚBLICO, onde esta tarde decorre a cerimónia de lançamento da sexta edição do PSuperior, Marcelo Rebelo de Sousa explicou que, mais do que um problema de legalidade da manifestação, o que "interessa mais é o problema da credibilidade das instituições". Notando que os bombeiros "são a actividade profissional mais bem vista", porque os profissionais "dão muita segurança às pessoas, desde logo no combate ao fogo e outras calamidades, mas também no apoio permanente", o Presidente da República afirmou que "se perde credibilidade em termos de instituição quando uma instituição, que é admirável e que todos admirarmos, para afirmar as suas razões queima pneus e se manifesta com tochas", completa. "Não considero [uma escolha] feliz", insistiu.

"O que dá segurança às pessoas é a ideia [de que os bombeiros] não promovem o fogo, nem o usam, nem sequer como símbolo. Não me parece por isso feliz ter havido pneus ardidos em frente à Assembleia da República ou tochas em frente da sede do Governo ou a utilização de petardos", defende.

Apesar de discordar e criticar a forma de protesto destes profissionais, o Presidente da República admite que "há um problema de estatuto que tem de ser resolvido", que resulta de a entidade patronal serem os municípios e quem estabelece o estatuto legal ser o Estado. "Há uma relação triangular", resume.

​A Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP) e o Sindicato Nacional dos Bombeiros Profissionais (SNBP) apelaram esta quarta-feira ao Governo que retome as negociações e a uma actuação "mais ordeira" por parte dos trabalhadores.

"É fundamental que do lado das autoridades haja a noção de que o estatuto tem de avançar, e do lado dos bombeiros de que há métodos que não os prestigiam, porque são opostos aos seus interesses e à sua credibilidade", disse Marcelo Rebelo de Sousa. "Isto é claro. As pessoas percebem que é um problema de bom senso", diz.

Sobre eventuais cedências do lado do Governo, Marcelo também deixa recados: "Noutras circunstâncias o Governo cedeu porque achava que era justo e se era justo admite-se a cedência", diz. "Não se pode admitir é certas formas de luta que são negativas para as instituições", conclui.

Esta quarta-feira, o primeiro-ministro garantiu que o executivo está a ir ao encontro da “valorização da carreira” dos bombeiros sapadores, mas deixou o alerta: “O Governo não vai decidir nunca na base de coacção.”

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