Presidente da TAP destaca instabilidade geopolítica e climática entre os desafios a enfrentar

Luís Rodrigues mantém as perspectivas de resultados positivos, quando a empresa está para privatizar, mas deu quatro exemplos de rotas afectadas este ano: Telavive, Valência, Porto Alegre e Maputo.

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Luís Rodrigues afirmou esperar que “a situação se normalize rapidamente” em Maputo Daniel Rocha
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O presidente executivo da TAP, Luís Rodrigues, identifica “um conjunto de desafios bastante significativo” pela frente, a começar pela instabilidade geopolítica, a que se junta a instabilidade climática. Num encontro com jornalistas, realizado esta quinta-feira em Lisboa, o gestor, que está há um ano e meio à frente da companhia aérea estatal, realçou que o mundo ocidental tem-se confrontado com um nível de “conflitos armados severos” que não se via desde a II Guerra Mundial e que isso “condiciona tremendamente a aviação e a TAP”.

“Cria ansiedade na procura”, com pessoas a alterarem os seus planos de viagem; “condiciona a oferta”, porque a empresa precisa de ser mais cautelosa nas suas análises de risco e nos locais para onde voa; e “condiciona a cadeia de abastecimento”, explicou.

“Este ano, tivemos quatro exemplos”, afirmou o gestor, indicando-os: Telavive (para onde a TAP deixou de voar, por causa da guerra), Valência (por causa das recentes cheias), Porto Alegre (também por causa das cheias, em Maio) e Maputo (devido às manifestações contra o Governo da Frelimo). Sobre Moçambique, Luís Rodrigues afirmou esperar que “a situação se normalize rapidamente” para que a companhia aérea possa “operar com normalidade “.

O presidente da TAP destacou ainda o desafio causado pelo que designou como “aumento da pressão regulatória”, com um conjunto de regras a cumprir na Europa que está a fazer com que o custo do negócio se torne “cada vez mais insuportável”.

Há também, vincou, um conjunto de dificuldades sentidas nos aeroportos a nível europeu, a que se juntam dificuldades na gestão do espaço aéreo. A isto juntam-se os custos adicionais ligados aos combustíveis menos nocivos para o ambiente, os SAF (na sigla em inglês), que têm “um custo três ou quatro vezes superior”, o que poderá reflectir-se no preço dos bilhetes, e a falta de mão-de-obra qualificada.

Apesar de tudo isto, o gestor estima que este ano a TAP se mantenha com um resultado líquido positivo, tal como prevê para 2025 (depois dos lucros de 2022 e 2023), ano em que o processo de privatização deverá estar concluído – ou, pelo menos, iniciado.

“Não estamos à procura de [novos] recordes, mas de, sustentadamente, garantir rentabilidades operacionais”, respondeu Luís Rodrigues depois de questionado sobre se este ano iria ser melhor do que o de 2023, quando o lucro foi de 177 milhões. “O que é importante é garantir mais um ano bom”, disse. Nos primeiros nove meses deste ano, o resultado líquido foi de 118,2 milhões de euros.

O presidente da TAP destacou também a existência de oportunidades, anunciando que está a começar a ser discutido um plano na empresa que passa por “quadruplicar as vendas na área da manutenção”, chegando aos mil milhões de euros. “Há uma enorme capacidade técnica e conhecimento dentro da companhia” a este nível, disse, ligando a estratégia à saída da TAP da infra-estrutura aeroportuária da Portela quando o novo aeroporto estiver pronto (podendo a manutenção ir para outro local que não Alcochete).

A decisão sobre a expansão da manutenção, afirmou, terá de estar ligada a quem ganhar a privatização da TAP, outro desafio que irá marcar o futuro da companhia aérea renacionalizada em 2020 e alvo de 3,2 mil milhões de euros de ajudas públicas.

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