Gouveia e Melo puxa dos galões no processo de vacinação: “Não era qualquer militar que fazia aquilo”
O almirante Gouveia e Melo critica os comentadores que tentam “menorizar o papel das Forças Armadas” no processo de vacinação durante a pandemia. “Não era qualquer militar que fazia aquilo”, garante.
Vem sendo apontado como um potencial candidato às presidenciais de 2026 e, mais recentemente, surge como favorito ao cargo na sondagem da Intercampus. O almirante Gouveia e Melo ainda não confirmou uma possível candidatura e tem evitado falar sobre o assunto, mas, esta quinta-feira, aproveitou a sua presença nas IV Jornadas de Defesa + Saúde Militar, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, para responder a alguns comentadores que tentam "menorizar o papel das Forças Armadas" no processo de vacinação. "Não foi só logística, não foi só uma folha de Excel e não era qualquer militar que fazia aquilo", garantiu, em declarações transmitidas pela CNN Portugal.
Gouveia e Melo começou por dizer que, quando foi chamado para coordenar o processo de vacinação contra a covid-19, sentiu "que havia muitas capoeiras com muitos galos". Pedindo desculpa pela "expressão brejeira", explicou que os militares tiveram "de criar uma única capoeira, que era a população portuguesa, que estava em stress e precisava de uma resposta urgente do Estado". "E foi isso que conseguimos, nós, militares. Conseguimos quebrar essas barreiras e conseguimos ajudar a que isso acontecesse", congratulou-se.
O almirante passou depois ao ataque contra quem, no espaço mediático, menoriza o papel por si desempenhado na liderança da vacinação durante a pandemia. "Eu, hoje, quando às vezes vejo certos comentadores a falarem sobre o processo de vacinação, passado este tempo, dá a sensação de que há uma tentativa ou uma vontade de menorizar o papel que as Forças Armadas tiveram nesse processo, e essa menorização é muito injusta. As Forças Armadas foram essenciais nesse processo", insiste.
Gouveia e Melo diz ainda que já ouviu "coisas extraordinárias" sobre o que aconteceu durante o ciclo de vacinação: "Que aquilo eram só umas folhas de Excel, qualquer militar fazia aquilo", ou que "aquilo foi só logística". "Não, aquilo não foi só logística, não foi só uma folha de Excel e não era qualquer militar que fazia aquilo", asseverou.
Quando terminou o ciclo de vacinação, sublinhou o ainda chefe do Estado-Maior da Armada, "toda a população portuguesa, em qualquer região de Portugal, tinha sido vacinada ao mesmo ritmo". "Foi um processo que também teve uma componente de justiça importantíssima. E essa componente, posso garantir-vos – não vou dar detalhes –, obrigou a tomar posições, muitas vezes difíceis, perante interesses instalados", revelou Gouveia e Melo.
"Mas nós, militares, temos essa coisa. Temos cara de mau e quando estamos fardados e temos galões, às vezes, isso ajuda. Essa autoridade lateral que nos vem da farda ajuda”, admite o almirante.
Quando saiu da Gulbenkian, Gouveia e Melo respondeu aos jornalistas presentes garantindo que não irá dizer nada até sair das Forças Armadas. O almirante já transmitiu ao Governo não estar disponível para continuar como chefe do Estado-Maior da Armada. O seu mandato termina a 27 de Dezembro, devendo depois Gouveia e Melo passar à reserva para, segundo noticiou a SIC Notícias, anunciar a sua candidatura presidencial em Março do próximo ano.