Trump pede negociações para acabar com “loucura” da guerra na Ucrânia, Zelensky exige garantias
Donald Trump e Volodymyr Zelensky estiveram reunidos, com Emmanuel Macron, no sábado para a reabertura de Notre-Dame.
Poucas horas depois do encontro trilateral, mediado por Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu, Donald Trump e Volodymyr Zelensky voltaram a falar do final do conflito no leste da Europa. Ficou novamente claro que ambos têm ideias diferentes do tipo de solução que pretendem para a guerra que caminha a passos largos para o terceiro aniversário.
O Presidente eleito norte-americano escreveu, neste domingo, na rede social Truth, que era urgente um "cessar-fogo" imediato. “Deveria haver um cessar-fogo imediato e as negociações deveriam começar. Demasiadas vidas foram perdidas em vão, demasiadas famílias foram destruídas e, se isto continuar, pode transformar-se em algo muito maior e muito pior”, escreveu, referindo ainda que a Ucrânia perdeu, "ridiculamente" 400 mil soldados e "muitos mais civis".
“Zelensky e a Ucrânia gostariam de chegar a um acordo e pôr fim a esta loucura”, disse ainda, adiantando depois: “Conheço bem o Vladimir. Chegou a altura de ele agir. A China pode ajudar. O mundo está à espera!” acrescentou Trump, referindo-se ao presidente russo Putin.
"A Ucrânia quer a paz"
Antes da reunião de sábado, Zelensky já tinha falado com Donald Trump três vezes ao longo deste ano: numa chamada telefónica durante o Verão, durante uma reunião em Nova Iorque em Setembro e noutra chamada pouco depois da eleição de Trump em Novembro. O encontro de sábado durou cerca de uma hora e as diferenças entre os dois continuam evidentes.
“Quando falamos de paz efectiva com a Rússia, temos de falar, antes de mais, de garantias efectivas de paz. Os ucranianos querem a paz mais do que ninguém”, disse o Presidente ucraniano na rede social X. “A guerra não pode terminar simplesmente com um pedaço de papel e algumas assinaturas. Um cessar-fogo sem garantias pode ser reactivado a qualquer momento, como Putin já fez anteriormente. Para garantir que os ucranianos não sofrem mais perdas, temos de garantir a fiabilidade da paz e não fechar os olhos à ocupação", referiu ainda.
Na mesma série de publicações, o responsável ucraniano fez ainda um balanço das baixas ucranianas ao longo do conflito, dando conta de que desde Fevereiro de 2022 "morreram 43 mil soldados no campo de batalha", sendo que houve 370 mil feridos, dos quais metade regressou mesmo ao combate.
A troca de palavras entre Trump e Zelensky mereceu reacção por parte do a Rússia. Já neste domingo, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, assegurou que a Rússia estava aberta a conversações sobre a situação na Ucrânia e que as mesmas deveriam ter por base os acordos alcançados em Istambul, em 2022.
“A nossa posição sobre a Ucrânia é bem conhecida; as condições para o fim imediato das hostilidades foram definidas pelo Presidente Putin no seu discurso no Ministério dos Negócios Estrangeiros russo em Junho deste ano. É importante recordar que foi a Ucrânia que recusou e continua a recusar as negociações”, disse Peskov, segundo a agência Reuters.
EUA reforçam apoio a Kiev
E no que que parece ser uma verdadeira corrida contra o tempo, antecipando-se à tomada de posse de Donald Trump, marcada para o dia 20 de Janeiro, os EUA anunciaram, no sábado, um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia, avaliado em 988 milhões de dólares (cerca de 935 milhões de euros).
O pacote, explica o Guardian, citando um comunicado do Pentágono, inclui drones, munições para serem usados pelos HIMARS , equipamento e peças sobressalentes para sistemas de artilharia, tanques e veículos blindados. Este novo pacote segue-se a um outro de 725 milhões de dólares (cerca de 686 milhões de euros) que foi anunciado na segunda-feira.
“Esta administração fez a sua escolha. Assim como uma coalizão bipartidária no Congresso”, disse Loyd Austin, Secretário de Defesa dos Estados Unidos, citado pelo Politico. “O próximo governo deve fazer a sua própria escolha”, referiu ainda. De acordo com o Politico, sobram ainda mil milhões de dólares para novos contratos e seis mil milhões em autorizações para retirar material militar dos stocks norte-americanos pare serem enviados imediatamente para Kiev.
“Podemos continuar a fazer frente ao Kremlin. Ou podemos deixar Putin levar a sua avante - e condenar os nossos filhos e netos a viver num mundo de caos e conflito”, disse Austin, falando no Fórum de Defesa Nacional Reagan, na Califórnia, evidenciando, ainda mais, a diferença de visões entre a acutal administração norte-americana liderada pelo ainda Presidente Joe Biden e a futura que será encabeçada por Donald Trump.