Israel bombardeia arsenais na Síria para evitar que armas caiam nas mãos dos rebeldes

Ataques intensivos para a destruição de “armas estratégicas”, nomeadamente químicas. O Exército israelita também ocupou uma zona-tampão nos montes Golã pela primeira vez desde 1974.

Foto
Soldados israelitas esta segunda-feira no monte Hermon, nos Golã, na fronteira entre Israel e a Síria ISRAEL DEFENSE FORCES / VIA REUTERS
Ouça este artigo
00:00
02:39

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

O Exército israelita passou o domingo a bombardear arsenais em território sírio para evitar, agora que o regime de Bashar al-Assad caiu, que “armas estratégicas” caiam nas mãos dos rebeldes que tomaram o poder. De acordo com o Times of Israel, dezenas de aviões atacaram múltiplos alvos em território sírio, naquilo que é descrito como uma operação aérea com ataques “muito intensos”.

Ao mesmo tempo, a tropa terrestre ocupou uma zona-tampão nos montes Golã, na fronteira entre Israel e a Síria, em reacção ao avanço dos rebeldes, à fuga de Bashar al-Assad para a Rússia e à queda, em menos de duas semanas, de um regime que durava há mais de meio século, numa ofensiva rebelde liderada pelo grupo jihadista Hayat Tahrir al-Sham (HTS).

Enquanto os aviões destruíam bases de mísseis, sistemas de defesa antiaérea, fábricas de produção de armas e ainda um local de armazenamento de armas químicas, segundo disseram ao jornal israelita fontes da Defesa, o primeiro-ministro israelita anunciava o controlo temporário da zona desmilitarizada, alegando que o acordo assinado com a Síria em 1974 deixava de vigorar depois da queda do regime sírio.

“Não vamos permitir que uma qualquer força hostil se estabeleça junto à nossa fronteira”, disse Benjamin Netanyahu, citado pela BBC, para explicar por que tinha dado ordens às Forças de Defesa de Israel para entrar na zona-tampão e “assumir o comando de posições próximas” da parte dos Golã ocupada por Israel.

Dois terços dos Golã foram ocupados por Israel depois da Guerra dos Seis Dias (1967), tendo sido anexados definitivamente em 1981, decisão que não foi reconhecida internacionalmente.

Segundo disseram à Reuters duas fontes de segurança na região, a Força Aérea Israelita atingiu pelo menos sete alvos no Sudoeste da Síria, incluindo a Base Aérea de Khalkhala, a norte de Sueida, de onde soldados do Exército sírio retiraram no sábado à noite. Para trás ficou um grande stock de mísseis, baterias de defesa antiaérea e munições que foram destruídas pelos israelitas. Na Base Aérea de Mezzeh, em Damasco, foram destruídos paióis.

Também foi atingido um complexo de segurança no distrito de Kafr Sousa, em Damasco, onde estava localizado um centro de investigação do Estado onde os israelitas dizem que cientistas iranianos desenvolviam mísseis para o regime de Assad. E registaram-se ataques nas províncias de Daraa e Sueida, no Sul da Síria.

Esta segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gideon Saar, confirmou o ataque israelita: “O nosso único interesse é a segurança de Israel e dos cidadãos israelitas. É por isso que atacámos sistemas de armas estratégicos, como, por exemplo, o que restava de armas químicas ou de mísseis e foguetes de longo alcance, de forma a não caírem nas mãos de extremistas.”

Sugerir correcção
Ler 78 comentários